terça-feira, 27 de novembro de 2012

Eu preciso aprender a só ser

Sabe, gente 
É tanta coisa pra gente sabe
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer
Sabe, gente
É tanta coisa que eu fico sem jeito
Sou eu sozinho e esse nó no peito
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder
Sabe, gente
Eu sei que no fundo o problema é só da gente
E só do coração dizer não, quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofrer
E quando escutar um samba-canção
Assim como: "Eu preciso aprender a ser só"
Reagir e ouvir o coração responder: "Eu preciso aprender a só ser". 

(Gilberto Gil)

domingo, 25 de novembro de 2012

Ponto Final

  Certa vez Neruda disse: "Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias". Dos sinais de pontuação da nossa querida língua portuguesa sempre me identifiquei mais com o ponto final.
  Sou apreciador do silêncio e da pausa absoluta que só ele tem o poder de causar. Da transformação do tom da voz em uma melodia descendente. Sem falar da sua força máxima capaz de provocar medo em qualquer vírgula ou acentuação que apareça pelo período. Mesmo diante de uma deliciosa leitura, daquelas que não desejamos um fim do deguste, ele aparece e nas sequências das palavras sentencia: Fim. Com imponência e postura ditatorial.  
  Apesar da autoritariedade nata ainda sim desperto simpatia pelo nobre sinal. Uma mudança de pensamento, estímulo e comportamento geralmente dão continuidade a estes finais. O novo! Isso me traz curiosidade,  vontade e muita sede de saber o que vem depois. Mesmo que, de forma metafórica, a página seguinte ainda esteja totalmente em branco e precisando de um novo ponto final.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dia "M"


  Existem determinados dias que são reservados para homenagear algum profissional. O professor, dentista, advogado, a secretária e por aí vai. Ou até mesmo o dia cravado pelo comércio para se dar mais valor ($$) às crianças, namoradas e etc. Hoje, dia 22 de novembro, é o dia do músico. Um dia não muito expressivo nos calendários, para as lojas ou até mesmo digno de um feriado. Mesmo assim é o dia do músico. O dia em que podemos reconhecê-la como profissão. Enxergá-la realmente como uma opção de vida.  Uma escolha, um motivo de orgulho e pronto.
  Viver de arte no Brasil é missão para verdadeiros guerreiros. E eles existem. Nestes anos que me dedico à ela tive o prazer de encontrar pessoas que entregaram suas vidas por uma escolha louvável. Músicos que tenho admiração, amizade e que me espelho para seguir neste sonho tão real e palpável. 
  O que seria do mundo hoje sem música e todo o prazer que só ela nos proporciona? Com certeza um lugar mais infeliz, menos pensante e verdadeiramente silencioso. 
  Um viva aos profissionais, amadores, músicos de boteco, de roda de amigos, aos desafinados, gênios, fanfarrões e futuros artistas. Parabéns à todos vocês!


     

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A peça

"A vida é uma peça de teatro que não ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". (C.C.)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Rumo à SP


  Foram quase dois meses de preparo. Entre decisões, idéias, ensaios e arranjos começou a nascer o nosso primeiro DVD Acústico Surf Sessions. Mais um filho para agregar a família. Nesta próxima quinta-feira, dia 15, embarcaremos para São Paulo e lá faremos dois dias de gravação. Sob a batuta do produtor Luiz Carlos Maluly e no renomado estúdio NaCena. Uma experiência nova para nós. Bate aquele friozinho na barriga, mas nada que não seja com prazer e, acima de tudo, sempre com muita diversão.
  No total, serão quatorze músicas sendo elas cinco inéditas e quatro versões. O restante são canções do "Corre Pro Mar", com diferentes roupagens. A cobrança por novas composições era bem grande e nossa vontade de lançar algo novo também. Veio tudo no seu tempo certo. Hoje, sinto uma clara maturidade da banda para entrar em estúdio e gravar ao vivo e nesse formato.
  Então que venha logo esse desafio que é trabalhar com música. Que coisa boa! Hoje teremos nosso penúltimo ensaio e já já partiu Sampa!
Surfinahouse...  

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Nádegas a "Lee" declarar


  A gosto ou contra gosto o rei Roberto Carlos recebeu seu trono na história da música brasileira. Nossa rainha deveria ser coroada imediatamente. Sem pausa para pensamentos, contestações ou votação. Ela atende pelo nome Rita Lee Jones Carvalho, ou apenas Rita Lee. Se dados são necessários para a escolha aí vão alguns da Ovelha Negra: Vendeu mais de 65 milhões de cópias, a cantora que mais vendeu na história da música no país, foi premiada com mais de trinta discos de platina, dez discos de ouro, cinco de diamante, quase cinquenta anos de carreita e por aí vai.
  A artista paulista faz peso numa história totalmente contextualizada por uma carreira imponente e marcante. O início conturbado numa fase Mutante até a consagração nacional com gosto de Tutti Frutti. Os anos oitenta e noventa consagraram a roqueira que só nestas duas décadas gravou onze discos ao lado do eterno parceiro Roberto de Carvalho. 
  Neste domingo, Rita esteve em Brasília. Que ironia. Tocou no "Green Move" Festival. Uma iniciativa em prol da sustentabilidade e preservação - regado a muita cerveja e lixo, claro. Pelo seu twitter iniciou os trabalhos logo cedo: "Dilminha minha filha, vista sua roqueira e vá se encontrar comigo no quintal da sua casa, hoje às 18 horas. Ordens superiores", disse. 
  As sucessões de clássicos musicais foram interrompidas por um ato nobre vindo diretamente de nossa corte real. O Eixo Monumental tomado por pessoas. Ao redor todos os Ministérios que observavam do alto de seus concretos inabaláveis. Eis que surge uma bunda. Apenas uma bunda branca. Um gesto de uma roqueira, mãe, artista. Essa que muito já passou e hoje brinca com o que levamos ou achamos tão sério. "Sr. Diretor, não sou apenas mais uma bundinha linda, eu também sei representar", concluiu Lee.
   Mais uma vez a rainha surpreendeu. Dessa vez não foi xingando policiais. Foi um ato silencioso, de uma vovó moleca e só. Muitos devem ter achado nojento, desrespeitoso e ultrajante. Outros, apenas um ato de rebeldia e ironia. Fato é que Rita Lee pode e deve fazer quantas vezes achar necessário. Essa liberdade talvez seja a melhor forma de valorizarmos nossos verdadeiros ícones. Ou alguém prefere ver um bundão "Lee-Lee" do Luan Santana, no show da virada, em plena Praça dos Três Poderes? 
  Pois então. Nádegas a "Lee" declarar...        


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Fulano, Beltrano ou Cicrano?

  "Mim quer tocar, mim gosta ganhar dinheiro...". Essa música é uma ironia às nossas necessidades. Lembro quando saía com apenas dez reais de casa, conseguia ir ao cinema e comer uma promoção do Big. Nessa mesma época minhas preocupações também eram outras. Pensava nas provas do bimestre, no campeonato de futebol escolar, na festinha ao som de "Top Surprise e Rap Parade" do final de semana... 
  Os anos passam e o peso da responsabilidade só aumenta. Ao mesmo tempo e cá pra nós, não tem nada melhor e saboroso que ganhar nosso primeiro salário. Lembro daquela sensação de alegria reprimida na fila do RH. Aquele "faz-me-rir" dentro de um envelope que você mal sabia o que fazer. Resultado: Rasga tudo sem dó!
  Me chama atenção quando, em algum clique mundano, me pego totalmente direcionado à busca do financeiro. Até nosso tempo tornou-se capitalista e atrasá-lo pode custar muito caro! Piscou, gastou. Quero? Compra! Preciso? Então abra o bolso, oras! A vida se torna uma corrida sem fim, porém cheia de prazos, ajustes, créditos e juros. É um tal de rebola daqui, paga dali, acerta aculá... E ufa! O mês acabou e conseguimos nos livrar de tudo. Só que o próximo mês já vem numa montanha russa danada. 
  Para muitos a premissa de que o dinheiro traz felicidade é verdadeira e ponto final. Para outros, o dinheiro é um mal necessário, um mal do ser humano. Fato é que indubitavelmente temos que correr atrás dele.  Felizmente ou infelizmente.
  Esses dias, numa dessas boas rodas regada à muita prosa construtiva e café, eis que surge uma pergunta simples de um amigo bastante questionador. As reações foram claras. Fulano pensou por alguns segundos e sem titubear repondeu. Beltrano, um pouco mais demorado e ressabiado, reagiu. Cicrano, com um pé recuado, permaneceu mudo o resto da noite. 
  Se o dinheiro não existisse no mundo qual seria o seu trabalho hoje?