Certa vez Neruda disse: "Escrever é fácil. Você começa com uma letra
maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias". Dos
sinais de pontuação da nossa querida língua portuguesa sempre me identifiquei
mais com o ponto final.
Sou apreciador do silêncio e da pausa absoluta que só ele tem o poder de
causar. Da transformação do tom da voz em uma melodia descendente. Sem falar da
sua força máxima capaz de provocar medo em qualquer vírgula ou acentuação que
apareça pelo período. Mesmo diante de uma deliciosa leitura, daquelas que não
desejamos um fim do deguste, ele aparece e nas sequências das palavras sentencia:
Fim. Com imponência e postura ditatorial.
Apesar da autoritariedade nata ainda sim desperto simpatia pelo nobre sinal.
Uma mudança de pensamento, estímulo e comportamento geralmente dão continuidade
a estes finais. O novo! Isso me traz curiosidade, vontade e muita sede de
saber o que vem depois. Mesmo que, de forma metafórica, a página seguinte ainda
esteja totalmente em branco e precisando de um novo ponto final.
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