terça-feira, 30 de outubro de 2012

Viva! Com Música.


 Esse foi um fim de semana marcante. Daqueles que a gente sempre vai se lembrar em rodas de conversas. Literalmente regado à muita música e muita energia boa. No sábado, a banda Surf Sessions esteve no 9º Campeonato Brasileiro de Wake Surfe, promovido pela Mormaii, em Brasília. Subimos no palco com uma única missão: Se divertir. Esse é o típico show que a banda sabe e gosta de fazer. Sem repertório, sem tempo para executar o show e livre pra fazer o que bem entende. O resultado foi uma apresentação de três horas de duração pra um público altamente disposto e feliz por estar ali. 
  No domingo, pé na estrada! Estivemos em Goiânia e mais uma vez só alegria. A Royal Clube nos recebeu com a festa "Havaianas" e por lá também só felicidade. Contamos com a participação do amigo Marceleza, vocalista da banda Maskavo. No começo do show uma certa dúvida pairava no ar. O que esses caras vão fazer? Talvez nada parecido com o que fazemos tenha passado por lá. Com tempo a entrega foi nítida e a energia da banda contagiou a todos que estavam presentes. Mais uma pra constar no nosso cartel de feitos realizados.
  Resumo em suma. Viver esse sonho já tornou-se real. E como é bom, nossa! Levar nossa alegria e ver a mesma contagiar pessoas que nunca vimos na vida é uma prazer sem igual. Esse é o sentido de fazer a música se propagar verdadeiramente. O resto torna-se conseqüência de um fruto que vem de um esforço que acontece no nosso dia a dia. 
  O lema continua: Viva! Com música. 

sábado, 27 de outubro de 2012

Se

"Poeme-se
Leminski-se
Drummonde-se
E que o mundo
Quintane-se
Musique-se
Buarque-se
Lenine-se
E que o mundo Caetane-se...",

(Vânia Jordão)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Flores do Mal

"A mesma mão que acaricia
Fere e sai furtiva 
Faz do amor uma história triste 
O bem que você me fez nunca foi real 
Da semente mais rica
Nasceram flores do mal..."
(R.F)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O que deseja tomar?


Ela se encostou ao balcão e preferiu chorar. A bebida não mais mascarava suas mágoas. Escondidas por trás de uma bela maquiagem por hora borrada. Do outro lado, as mãos molhadas dos copos sujos de uma madrugada inteira. Era só ouvidos e assim acostumou-se há tempos. Não consta diploma, apenas experiência e bagagem. Uma simples pergunta e abre-se a brecha para o início de um diálogo: 
- O que deseja tomar? Pergunta o sóbrio garçom. 
- Eu matei um amor. Emenda a bela sem o menor pudor. 
- Com toda certeza, frieza e cálculo desse mundo. Matei sem chance de respiro ou reação. Fiz por achar certo, mas sofro, sofro todos os segundos da minha vida.  
Com o olhar fixo no último copo sujo com resquícios de vodca e maracujá o mesmo sentencia sua opinião.
- Não houve assassinato querida. Houve sim um parto natural para um renascimento. Pense assim. Você jamais será uma criminosa e sim uma libertária, uma fonte de vida. Completou o sábio lavador de louças.  
Como uma estátua embasbacada a mesma tomou o resto d´água e levantou-se. Ligeiramente babada e completamente descabelada permitiu que sua última lágrima descesse e caminhasse até o fim do seu rosto. Foi o símbolo da aceitação imediata misturada ao medo da verdadeira perda.  Recuando de costas em direção a saída parou pela última vez olhando fixamente  ao seu confissionário. A sensação de alívio dominava um ambiente antes tomado por toneladas de peso. A réu estava livre de todas suas acusações enquanto a vítima passava a gozar dos bens da ressurreição em liberdade plena. 
Ainda do outro lado do balcão o sábio servidor viu sua cliente deixar o local com suavidade e certa mudança. Com total indiferença de quem pouco se preocupa com o resultado pensou: "As nossas ações podem ser mascaradas e o que por um tempo foi dor torna-se felicidade. Jamais existirá escuridão sem luz, morte sem vida". 
Ao desviar seu olhar da pia quase limpa para o balcão de pedidos se deparou com uma nova angústia sentada à sua frente. 
- O que deseja tomar? Perguntou.      

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um ideal de rock setecentista

  Não tinha intenção nenhuma de escrever hoje. O dia mal começou e a vontade de ganhar o mundo já me rondava por horas. Freio. O momento é mais vagaroso e sábio do que acelerado e estúpido. O legal é exatamente isso. Quando somos pegos de surpresa e essa vontade de se expressar vem do nada. Li uma passagem de um livro que me trouxe interpretações ambíguas. Estilo de vida, personalidade, caráter, impulso, instinto, ordem, escolhas, máscaras, erros, possibilidades e etc... 
  Dependendo de como levamos os passos de nossas vidas transformamos a mesma numa novela e fazemos de nós personagens surreais. Não confundo mais atitude com devaneio, medo com verdade, decisão com imposição e leveza com fuga. Não troco mais o meu "eu" por roteiros fantasiosos de Janete Clair. Por isso, ao ler o parágrafo do texto parei e li novamente com mais calma. Vi a duplicidade estampada em algo que pode parecer, em primeiro plano, um ideal de rock setecentista. Não se engane! É impossível fugir de você mesmo. Pode haver esforço, tentativas e até mesmo esperneios, mas não confunda aventura temporal com essência verdadeira. Essa sempre retorna e vem à tona. É a lei natural da nossa própria natureza. 

  Passagem do texto: "Pessoas com vida interessantes não tem fricotes. Elas trocam de cidades. Investem em projetos sem garantia. Investem em pessoas que são o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego à vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida. Para os rotuladores de plantão, um bando de inconseqüentes. Ou artistas, o que dá no mesmo ..."

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Saci de duas pernas


  Um assunto curioso chamou bastante atenção essa última semana pelo Brasil. Por incrível que pareça, pelo menos pra mim, não foram as eleições. Apesar de não morar em Fernando de Noronha (PE), sou de Brasília e fiquei livre do estupro das urnas. Entretanto, mais um livro do escritor Monteiro Lobato virou alvo da perseguição da censura (?!) por motivos raciais. Exatamente. A exemplo do que já fizera com Caçadas de Pedrinho, o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) quer banir das escolas públicas o livro Negrinha, lançado em 1920. 
  Realmente, em épocas de "Dar uma fugidinha com você", Monteiro Lobato e suas obras encontram-se totalmente sem espaço, proteção e prestígio. Nosso tesouro cultural corre o risco de acabar no abandono ou substituída pela fantástica Galinha Pintadinha. Interessante foi a frase do pesquisador de literatura infanto-juvenil e co-autor do livro Monteiro Lobato Livro a Livro: "Trata-se do analfabetismo histórico".
  De uma forma bem autêntica o colunista Severino Francisco, Crônicas da Cidade, do Correio Braziliense, reformulou no seu texto algumas passagens dos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo - nome esse bastante sugestivo para a censura pornográfica, não? Imaginem só, Tia Anastácia, uma afrodescendente da melhor idade, responsável pelos quitutes culinários da  grande fazenda. O saci Pererê, ex-diabinho, de uma perna só. Para se adequar ao "politicamente correto", fez uma prótese e virou um Saci de duas pernas - afinal, em terra de Saci calça jeans vestiam dois. Hoje, usa uma caneca com canudos e bolinhas de sabão ao invés de seu cachimbo, pois ele estaria incentivando crianças ao uso do crack. Em épocas de preservação do jacaré do papo-amarelo, a caça à bruxa Cuca está proibida, por tempo indeterminado, dentro do Sítio. E por aí vai crianças...
  Numa segunda-feira pós ressaca eleitoral fica mais fácil mesmo censurar o pobre do Sítio e suas aventuras. Parafraseando o "Pensador": "Aqui no mundo o negócio tá feio. Tá todo mundo feito cego em tiroteio. Olhando pro alto e procurando a salvação ou pelo menos uma orientação. Você já tá perto de Deus Astronauta! Então me promete que pergunta prá ele as respostas de todas as perguntas e me manda pela internet..."

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sonho que vira realidade

  Desde novo via aquela imensidão de obras e achava tudo muito distante de mim. Ainda não podia escolher o que ver, os encontros eram pré-agendado e determinado pelo colégio. Coisa de moleque. Quando fiquei mais velho nossa relação melhorou bastante e meu desejo só crescia, crescia e crescia. Aquele palco era algo que extrapolava as leis da sedução. Tocá-lo seria incrível. Uma energia que cura e renova.  Eu sabia disso!
  Ontem, pude realizar um dos meus sonhos como músico, compositor, brasiliense e ser humano. Subi ao palco da Sala Villa Lobos, do Teatro Nacional, com a banda Surf Sessions. Os cinqüenta minutos foram mágicos e realmente a vontade do quero mais ficou na boca. Nada que não fosse suficiente para observar tudo com muito detalhe. Cada faixa de luz, a acústica perfeita e nosso fiel público, que mais uma vez se fez presente. 
  Um flashback ligeiro passou pela cabeça segundos antes de entrar naquele palco. Todas as barreiras, os desafios, os questionamentos, as dúvidas, os receios. Tudo virou nada pois aquilo já era sinônimo de vitória e realização. Ouvi de uma amiga especial que ela, ao entrar no Teatro, nos viu lá de cima e se emocionou muito. Eu queria estar naqueles olhos no exato momento. Sei que sentiria o mesmo.
  No dia do show, como se fosse por brincadeira, acordei com minha amígdala esquerda do tamanho de um tomate bombado do Taiti.  Passei horas à base de remédios, gargarejos e afins. Estava realmente decidido por não cantar - somos abençoados com quatro vocais na banda. Na hora do show foi impossível. Aquela vontade veio de dentro e pelo menos uma música tinha que sair e realmente saiu. Da maneira mais natural possível. 
  No dia seguinte amanheci no pronto socorro de um hospital perto aqui de casa. Está tudo bem. Corticóide na veia, novalgina e outros "inas" pra dentro. Uma semana com antibióticos e antiinflamatórios. Quer saber de uma coisa? Como valeu a pena. Não vivi um sonho. Ontem, vivi minha realidade. Minha verdade que me faz feliz como pessoa. Isso vale a pena. E como vale.
  Aquela Sala não está mais tão distante, mas que um repeteco seria bom demais, ahhhhh isso seria!!    

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Welcome to Brazil

  Um bate papo com o amigo DJ Maffra e chegou ao meu conhecimento um projeto que acontece a aproximadamente um ano no Rio de Janeiro. O curta "Domínio Público" basicamente aborda escândalos envolvendo especulações imobiliárias, desvio de verba pública e favorecimento a empreiteiros. Todo esse motim gira em torno da expectativa de dois grandes eventos que acontecem daqui há dois e quatro anos, respectivamente: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
  Para os amantes do esporte ter a oportunidade de respirar uma Copa do Mundo ou até mesmo uma Olimpíada, dentro de casa, é realmente um acontecimento único na vida. Sendo mais realista, até que preço pagaremos para essas realizações? Acredito que o maior questionamento nem mesmo seja esse. Quais são as verdadeiras heranças e/ou legados sociais deixados por eventos dessa magnitude?
  Para o vereador e delegado dos jogos de Barcelona, em 1992, Jordí Martín, o evento não pode vir e ir embora sem deixar suas raízes. "Ele deve ser uma desculpa para induzir o desenvolvimento e isso só é possível se soubermos para onde queremos ir. É indispensável pensar no futuro do território”, ressaltou Martín.
  A produção do curta "Domínio Público" percorreu as comunidades do Vidigal, Vila Autódromo, Providência, toda a Zona Portuária do Rio de Janeiro e foi observado que pessoas estão sendo despejadas ilegalmente de suas residências, deslocadas para outras comunidades sem nenhuma infraestrutura e dominadas por milícias. Em suas casas, áreas de forte interesse imobiliário, o projeto "Morar Carioca", da prefeitura do Rio de Janeiro, é o principal objeto de ação para a retirada dos mesmos. Uma limpeza social e uma abertura de espaço para novos moradores - Welcome to Brazil gringos!
  O projeto "Domínio Público" é totalmente independente. Necessita ampla divulgação para busca de novos apoiadores e possíveis financiadores do projeto. Abaixo segue o endereço e o link para o curta.  

Curta "Domínio Público" - http://vimeo.com/49419197
Site do Projeto - http://catarse.me/pt/dominiopublico


 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

The Voice "Made in Brasília"


  Brasília é realmente uma fábrica de grandes músicos. Somos respeitados quando dizemos de onde viemos e que fazemos música. O reallity "The Voice", da rede Globo, foi definitivamente invadido pelos candangos. Domingo passado foi a vez do Brasil conhecer Ellen Oléria. Era só o que precisava. Mais uma vez e, como sempre, emocionou e foi ovacionada pela platéia e jurados. Nada, mas realmente nada, que traga surpresa. Ellen é o nosso diamante e era questão de tempo para que o resto do país descobrisse isso. 
  Ontem, mais cinco participantes levaram o nome da cidade ao programa. O amigo Diego Azevedo fez o que deveria ser feito. Sua voz é especial, diferenciada e foi assim durante sua apresentação. Confiante, não titubeou ao escolher Lulu Santos como seu mentor. Diego tem muito potencial e acredito verdadeiramente que possa ser um elemento surpresa no programa.  Anotem esse nome.
  Não vou mentir que me decepcionei bastante com a Thaís Moreira. É claro que só o fato de estar no programa e ser escolhida já é uma vitória enorme. Emoções e estrelato à parte, me surpreendi com a aparição no "sertanejo style" da cantora. Muito me pareceu uma tentativa oportunista de venda a um mercado inchado, abusado e em ascensão - ou queda?! Imaginava outros rumos para a mesma. O timbre grave e a presença que dominam o palco são muito evidentes, mas achei desperdiçadas dentro do estilo escolhido. Mesmo assim, a tática deu certo, não é Daniel?
  Dos outros três brasilienses na competição gostei apenas da Pryscilla Lisboa e sua voz aparentemente frágil. A cantora tem um quê de Marisa Monte e isso chamou a atenção do parceiro Carlinhos Brown. A mesma não vacilou e escolheu o baiano. Essa produção pode dar bons frutos à brasiliense.
  As preferências são evidentes, mas fica a torcida para todos eles, que já são merecedores só por essa vitória inicial. A música é alegria, mas seu caminho é árduo e seletor. A energia e o talento são ingredientes básicos e indispensáveis para o caminho. Sorte aos brasilienses e parabéns Brasília - nossa fábrica de talentos.