quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A alegria da casa

Poesia de palavras fortes. Uma mensagem significativa de amor e fidelidade. Dois sentimentos materializado por Olavo Bilac num personagem canino. Porquê será? 

"Negro, com os olhos em brasa,
Bom, fiel e brincalhão,
Era a alegria da casa
O corajoso Plutão.

Fortíssimo, ágil no salto,
Era o terror dos caminhos,
e duas vezes mais alto
Do que seu dono Carlinhos.

Jamais à casa chegara
Nem a sombra de um ladrão;
Pois fazia medo a cara
Do destemido Plutão.

Dormia durante o dia,
Mas, quando a noite chegava,
Junto à porta se estendia,
Montando guarda ficava.

Porém Carlinhos, rolando
Com ele às tontas no chão,
Nunca saía chorando
Mordido pelo Plutão...

Plutão velava-lhe o sono,
Seguia-o quando acordado
O seu pequenino dono
Era todo o seu cuidado.

Um dia caiu doente
Carlinhos... Junto ao colchão
Vivia constantemente
Triste e abatido, o Plutão.

Vieram muitos doutores,
Em vão. Toda a casa aflita,
Era uma casa de dores,
Era uma casa maldita.

Morreu Carlinhos... A um canto,
Gania e ladrava o cão;
E tinha os olhos em pranto,
Como um homem, o Plutão.

Depois, seguiu o menino,
Segui-o calado e sério;
Quis ter o mesmo destino:
Não saiu do cemitério.

Foram um dia à procura
Dele. E, esticado no chão,
Junto de uma sepultura,
Acharam morto o Plutão". (Olavo Bilac)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Tarefa para poucos

  Esses dias, num bate papo leve sobre valores na vida cheguei a algumas conclusões. A maturidade que atingimos com o passar do tempo nos escancaram algumas questões. Já parou para pensar no vai e vem de pessoas na sua história? Chegadas curtas, inexpressivas, divertidas, marcantes, desnecessárias, indiferentes,  entre tantas outras classificações. 
  Tal como um arquivista, organizamos isso conscientemente - ou não - em pastas sociais. São tantas, tais como: família, colegas, amores, irmãos, parceiro de balada, amigo do futebol, conhecidos, amigas, irmãs, o caso, uma paixão e etc.. A cada reencontro puxamos o arquivo e sentimos as mais variadas sensações ao encontro. Cada pessoa entra de uma forma exata na sua vida, sendo marcante ou não, e assim mesmo é nomeada. O sentimento torna-se pessoal e totalmente intransferível.
  Acredito que algumas destas pastas são extremamente indispensáveis em nossas vidas. As mesmas devem possuir a capacidade de ser indestrutível, pois contaremos com elas pro resto de nossos tempos. De olhos fechados. São elas: família e irmandades. Os familiares não são contestáveis. É escolha divina e ponto final. Seguem num patamar diferenciado. As irmandades são sim dádivas do tempo. Aquelas verdadeiras. Que existem no sol ou na chuva. Distante ou perto. Sem interesse ou mudança. É muito importante regar tais valores e nunca correr o risco de perdê-los. 
  Abrir a mão e achá-los nos dedos é tarefa para poucos. E quanto às outras pastas? Acho que a vida trata de multiplicá-las. Acredito que o mais importante é saber aproveitar, cada qual com sua peculiaridade, da maneira mais saudável possível.        
        

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Felicidade "In Box"

  Ontem fizemos a abertura do show do Nando Reis. Uma experiência incrível. Tocamos em casa e para um público disposto a ouvir boa música. Fica mais fácil assim, mas não menos "responsa". Além de uma apresentação praticamente autoral fizemos duas versões inéditas: Pais e Filhos, da Legião Urbana e Aquarela, do mestre Toquinho. Sempre me surpreendo com a capacidade que a música tem em nos alegrar e emocionar. Em nos fazer relembrar bons tempos, nos transportar para outras dimensões em poucos acordes. Seria bom congelar esses momentos e revivê-los sempre quando necessário. Felicidade "in box". 
  Sempre valorizei muito a genialidade do Nando. Principalmente na sua sobriedade. Desde das épocas libertárias em que construía as linhas de baixo na família Titãs até os dias de hoje. Ontem, me surpreendi novamente. O cantor paulista mostrou, em quase duas horas e meia de show, que é mesmo um hitmaker e um dos maiores compositores que temos em atividade nesse país. Falar de amor com inteligência, sem ser brega ou abusar demasiadamente de rimas pobres é uma arte para poucos, certo "universitários"? As lágrimas escorriam dos olhos femininos ao ouvir canções como Relicário, Por Onde Andei, Segundo Sol, entre outras.
  Um show cantado de cabo a rabo por um público que se mostrou feliz e, acima de tudo, muito satisfeito. Fazer parte disso, como fizemos ontem, é motivo de muito orgulho. Um dia pra ser relembrado sempre que possível. 

sábado, 25 de agosto de 2012

Tempo Rei

 
"Não me iludo, tudo permanecerá de um jeito
Que tem sido, transcorrendo, transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos
(...) Água mole, pedra dura
Tanto bate que não restará nem pensamento..."(G.G)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Um dia me disseram

  Certa vez me disseram que eu levava jeito pra escrita. Nunca acreditei muito nisso. Quando criança só queria saber de jogar bola e ouvir música. A dúvida pairava naquela cabeça ainda tão infantil: jogador de futebol ou músico. 
  Segui o mundo do jornalismo. Ainda perto do futebol comecei a traçar minhas primeiras linhas. Até que um dia conheci um diplomata, poeta e boêmio. Um tal de Vinícius de Moraes. Amor à primeira vista. Ficava impressionado com a sua capacidade de expor sentimentos tão reservados de uma forma tão poética e de fácil compreensão. 
  A música logo invadiu minha vida e com ela a escrita caminhou junto. Cheguei a ouvir, novamente, que levava jeito pra ser poeta. Tipo uma profissão, sabe. Faz o que da vida? Sou poeta! Soava estranho pros dias de hoje e muito pesado aceitar tal "adjetivo".  Talvez ainda seja assim...
   Só que hoje vejo de uma forma diferente. Acredito que no nosso íntimo todos somos poetas. A poesia é a capacidade de externar as sensações mais profundas e vomitá-las de maneira sensata. Ser honesto com a sua cabeça, mão e caneta - ainda não me convenci do teclado.   
  Conhecer o poeta dentro de você é uma experiência incrível de autoconhecimento e crescimento. Então pra quê reprimi-lo?
  Essa profissão, mesmo que não remunerada, é a maior riqueza que posso ter. E essa ninguém me tira.  

Gilberto Gil e a Corticóide

No alto de seus setenta anos, Gilberto Gil encanta até quando não canta. Não só por sua arte, música e energia, mas principalmente pelo carisma conquistado ao longo de sua carreira. Pensar em Gil é lembrar da alegria, sorriso e diversão. O sotaque característico do baiano nascido em Salvador apimenta todos os adjetivos citados acima.
Ontem, em Brasília, a expectativa era enorme. Novo show. Novos arranjos. A Máquina de Ritmo. Gilberto Gil e a Orquestra Sinfônica da Bahia. Produção musical e arranjos do próprio. A sala Villa Lobos, do Teatro Nacional, lotada. Jovens, idosos, crianças à espera da movimentação do som. A cortina se abre. Um cenário lindo e ao centro, Gilberto Gil. Seu primeiro acorde vocal foi estranho. Não reconheci aquele agudo limpo característico da sua voz. Com o decorrer da música ficou claro que algo não estava legal. Gilberto Gil estava completamente rouco.
Ao término da canção, com a voz muito falhada, ele explicou: "Estou tentado melhorar desde de manhã. Fui pego de surpresa e não consigo cantar. Fui tratado por um médido muito simpatico da cidade, mas não adiantou". Muito decepcionado voltou a conversar com a platéia. "Não seria justo com vocês eu insistir nesse show. Assumo a responsabilidade de voltar e mostrar esse trabalho maravilhoso e merecedor de aplausos". Gil ainda se esforçou em mais três músicas e saiu ovacionado pelo púbilco brasiliense que calorosamente agradeceu sua presença e, principalmente, atitude. 
Com mais de quarenta anos de carreira Gil motrou o que é ter humildade, peito e repeito por seus admiradores. Não poderia esperar nada de diferente. Apenas apontei meu dedo em direção ao palco e pensei com um sorriso de canto de boca:  "É... Esse é o Gil". Me levantei orgulhoso e fui embora.
Meu ingresso?! Está no bolso à espera ansiosa de seu retorno.

quarta-feira, 22 de agosto de 2012

Diferença

Diferença; do latim differentĭa. Caráter que distingue um ser de outro ser, uma coisa de outra coisa.
Falta de igualdade ou de semelhança. Ponto sobre o qual não se concorda.
Possui nove letras, duas vogais e cinco consoantes. 

A diferença, entre duas pessoas, quando atinge um nível "insuportável" - na visão e opinião de cada qual - deve ser levada em consideração. E como isso pesa, não?! A luta contra a mesma se torna perdida. As repostas se mascaram num deleite confuso e altamente contraditório. É tempo que segue paralelamente àquela velha busca insaciável por novas diferenças.
Afinal, tá aí a graça da vida. 

"Eu não sou da sua rua,
Eu não sou o seu vizinho,
Eu moro muito longe, sozinho.
Eu não sou da sua rua,
Eu não falo a sua língua,
Minha vida é diferente da sua.
Estou aqui de passagem.
Esse mundo não é meu,
Esse mundo não é seu" (Arnaldo Antunes / Branco Mello)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

Sir. Robert Plant

Hoje é o aniversário de uma das grandes estrelas da música mundial. Sobrevivente de uma época onde poucos resistiram Robert Plant comemora seus 64 anos.
Atuou como vocalista em diversas bandas, mas o seu trabalho mais reconhecido é nos vocais agudos do Led Zeppelin, que dispensa apresentações, é claro!
De acordo com colunistas do "O Globo" e materia da Rolling Stone Brazil é dado como certa a vinda do vocalista para o Brasil, em outubro. A jam intitulada "Sensational Space Shifters", estará em São Paulo, Belo Horizonte, Rio de Janeiro, Brasília e Porto Alegre.
Pra quem curte, uma bela oportunidade de ver o figura. Por tanto, fiquem atentos!

domingo, 19 de agosto de 2012

Toque

Li esses dias de uma amiga e achei por bem passar a diante uma mensagem legal:

"..Sempre se lembre que o Tempo Cura, que A mágoa passa, que A decepção não mata, que O Hoje é reflexo do ontem, que Os verdadeiros amigos permanecem, e Os Falsos um dia vão embora. Que a dor fortalece, e que Sonhar não é fantasiar. Que a beleza não esta no que vemos,e sim no que sentimos, e que VIVER é simplesmente Sensacional...Dizem que a vida é para quem sabe viver, mas ninguém nasce pronto,a vida é para quem é corajoso o suficiente para se Arriscar e Humilde o bastante para aprender. E o mais importante: Abra seus braços para as mudanças, mas jamais abra mão de seus verdadeiros valores.." Deus Abençoe. (Fê Faro)

quinta-feira, 16 de agosto de 2012

O Mundo É Um Moinho

Daqui a pouco faço uma apresentação no projeto Cazuza In Concert, em Brasília. Um tributo ao poeta no qual já realizo há quatro anos. Momentos em que me torno um personagem, me divirto e recrio uma atmosfera oitentista rebelde. Bom pra mente, bom pro corpo.
Hoje, diferentemente de outras apresentações, farei algo mais acústico e intimista. Com citações de textos e poesias costurado por músicas do Cazuza.
Não poderia ficar de fora um clássico da música popular brasíleira: O Mundo É Um Moinho. Uma canção do cantor e compositor Cartola gravada por ele em 1976.Reza a lenda que ele teria composto para sua enteada, Creusa, filha de Dona Zica, sua esposa, ao descobrir que ela, em um momento de revolta e desvario, tinha optado pelo meretrício, tornando-se uma meretriz ou, em outras versões, optado por sair de casa, para morar com um namorado anos mais velho que ela. 

"... Preste atenção querida
Embora saiba que estás resolvida
Em cada esquina cai um pouco a tua vida
Em pouco tempo não serás mais o que és..." (Cartola)

quarta-feira, 15 de agosto de 2012

Elas são todas iguais

Chegam devagarinho pra não tomar tanto espaço. De forma aguda, porém singela, pra não incomodar tanto. Se apresenta em nossas vidas nos momentos menos apropriados e mesmo assim exigem passagem. Por mais maduro e preparado serei uma presa fácil diante de seus encantos e sedução.  
Com o passar do tempo sua presença só aumenta. Ela já domina meus sentindos mais humanos e meu caminho torna-se um labirinto sem volta. No ápice do seu ato inicia-se o processo de abandono. A solidão nos conforta num escurinho agradável e que seja o mais silencioso quanto possível. Remédios? Sim, são sempre bem vindos. No estado mais catatônico vejo uma luz sem dor. Num raro momento de consciência ergo a cabeça e redescubro a vida. Curado, mas ainda com sintomas de um trauma e à espera do próximo tombo. Definitivamente, elas são todas iguais.
Malditas enxaquecas!






terça-feira, 14 de agosto de 2012

Uma questão de análise


É estranho como em vários momentos da vida estamos atrás ou pensando em ter alguma coisa. Eu sempre me indago quando isso acontece. Mesmo quando está tudo bem, ainda sim bate no peito aquele leve incômodo: “Está faltando alguma coisa”. Isso sempre me chamou a atenção. Será essa vontade insaciável do ser humano em sempre buscar o que buscar?! Temos que procurar alguma coisa e quando não sabemos o que é... Incômodo neles! Complicado entender. Acho que é por isso que eu sempre quis ser psicólogo. Deve ser mais fácil resolver as coisas dos outros. As nossas? Deixe que os outros resolvam!

quinta-feira, 9 de agosto de 2012

Tudo novo de novo

Quando entramos na rotina do dia a dia passamos a não mais perceber pequeninas coisas que de uma hora pra outra se agigantam. Um simples nascer de um novo dia, por mais normal que seja, deve ser sempre agraciado com um "muito obrigado". Poder recomeçar, acertar, errar, mas ter a possibilidade exclusiva de viver tudo novo de novo.

"Vamos celebrar
Nossa própria maneira de ser
Essa luz que acabou de nascer
Quando aquela de trás apagou
E vamos terminar
Inventando uma nova canção
Nem que seja uma outra versão
Pra tentar entender que acabou
Mas é tudo novo de novo
Vamos nos jogar onde já caímos
Tudo novo de novo
Vamos mergulhar do alto onde subimos" (P.M)

quarta-feira, 8 de agosto de 2012

Navegador Solitário

"Pensando bem, que mais poderia alguém no mundo desejar do que olhar nos olhos das baleias, conversar com as gaivotas sobre azimutes da vida, procurando durante cem dias e cem noites um único objetivo e, subtamente, tê-lo diantes dos olhos, ao alcance dos pés, numa tranquila tarde de terça-feira?"

"CEM DIAS ENTRE CÉU E MAR", Amyr Klink - É o típico livro companheiro de todas as horas com direito a repeteco. A história é do navegador solitário, que realiza a incrível e inédita façanha de atravessar o Atlântico Sul (7000 km) a bordo de um barco a remos de seis metros de comprimento.
Um diário de ensinamentos que aborda a verdade no trabalho, garra, preparo mental, esforço e paciência. Mais uma lição deixada por Amyr nesse apaixonante livro.
Muito recomendado.

terça-feira, 7 de agosto de 2012

Um artista completo

"Eu olho pro infinito
E você de óculos escuros.
Eu digo: "Te amo!"
E você só acredita quando eu juro.

Eu lanço minha alma no espaço,
Você pisa os pés na terra.
Eu experimento o futuro
E você só lamenta não ser o que era..." (A Seta e o Alvo)

Músico inciado aos 13 anos de idade, quando começou a tocar violão, Paulo Corrêa de Araujo, também é conhecido por Moska ou Paulinho Moska. Cantor, compositor, apresentador e ator.
A música, texto ou poema nos atinge em momentos certos. Sem intenção alguma, como num toque de mágica, nos expõe uma verdade nua e crua de nossas vidas. Na maioria das vezes compostas por terceiros que mal imaginam sua existência.
Coincidência? Não. Dúvido!

segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Banalização do "Eu te amo"

Gosto muito dos pequenos sinais que a vida nos dá. Pelo menos quatro anos mais novo já havia visto a banalização do dizer "eu te amo" dentro dos relacionamentos. Às vezes via casais recém formados encher a boca pra falar um "Eu Te Amo". Não que seja impossível e muito menos que eu duvide do amor imediato, mas muitas das vezes ficou no ar uma certa banalização do dizer: Eu te amo.O amor deve ser tratado sempre como uma dádiva. Uma conquista diária muito comemorada quando alcançada. Não entregue seu "amor" por uma simples palavra em vão, pois esse é seu bem maior na vida. 
 Pela manhã dei de cara com o seguinte texto:
"Quem ama não desiste, não trai, não mente. Quem ama é paciente, confia, entende. Amar é virtude que poucos tem". (R.R.)

domingo, 5 de agosto de 2012

Encrenca Matinal

Tem uma música do Cazuza que começa com uma frase bem legal: "Hoje eu acordei querendo encrenca". Uma pequena confusão sadia pediu espaço na minha cabeça assim que abri os olhos.
Coisa de recomeço rebelde mesmo. Nada melhor que uma boa referência.
Feliz domingo.