domingo, 8 de setembro de 2013

Só lembrar

Pensei em comer. Não tive fome.
Quem sabe beber. Não havia sede.
Deitar e dormir? Não veio sono.
Levantar e correr. Não criei fôlego.
Mas quando penso em você. Quando penso só em você...
Quis logo sorrir. Riso fácil solto
Lembrei de sentir. Aquele gosto novo  
Sair e andar. Por onde ninguém anda
Abrir para soltar. O grito da garganta
É só lembrar... De você
É só lembrar... Que você
Me faz querer, me faz um bem...
 





terça-feira, 13 de agosto de 2013

A bola da vez

  Sempre tive boas histórias relacionadas a determinadas situações. A viagem para um hotel estranho, a fila do banco, o corredor do supermercado ou um simples filme no cinema. Cada qual com sua particularidade não habitual. Contudo, dessa vez foi especial. Não fui vítima. Apenas observador. Fiquei de fora sem me deixar envolver. Algo inédito para um para-raios.    
  De repente você adentra o ambiente. É bem recepcionado por um funcionário, mas a missão já começa na entrada. Os olhos procuram por números e assentos. Movimentar-se é preciso, senão a fila empaca e um suspiro quente de insatisfação invade brutalmente sua nuca. Uma hora e meia de viagem. Estou dentro de um avião. Bastante cheio. Descubro que meu lugar é o número 28-B. Exatamente aquele perto do banheiro. No fundo. Bem no fundo.
  A cada aproximação de pessoas eu imaginava se seria essa, aquele ou aquela que estaria ao meu lado. Nessa altura eu já me preparava para o pior. Muitos entraram, ajeitavam malas e um entra e sai fora do comum no banheiro. Ao meu lado direito -assento do corredor - acomodou-se um senhor. Cara fechada e de poucos amigos. Logo abriu o jornal e resmungou baixo palavras inaudíveis no estilo Seu Saraiva - Tolerância Zero. Do meu lado esquerdo uma mulher. Esta personagem indiferente e nula para o enredo.
  Passageiros à bordo. Tudo conferido. Permissão para decolar. Naquele momento eu conseguia diferenciar cinco choros alternados de crianças. Desde recém nascidas à mais velhas um pouco. Uma orquestra sinfônica. Tipo os cachorros da rua que decidem uivar juntos durante toda madrugada. Atrás de mim o papo era intenso. Adultério, separação e divisão de bens. "Você tem que arrancar tudo dele Ângela. Eu tô falando tudo mesmo!", aconselhava para a outra amiga que aos prantos não se conformava com tais "galhos".
  Do outro lado do corredor, na reta do "seu Saraiva", um rapaz estava sentado. Nele conheci o verdadeiro significado da palavra "medo de avião". Nunca havia presenciado uma pessoa com tanto pânico e horror ao decolarmos. Literalmente fincado na poltrona ecoava berros graves, pausados e amedrontados. A essa hora o Tolerância Zero já havia amassado o jornal algumas várias vezes. O somatório dos choros, "titi-non-stop" das amigas, os berros de medo e a postura extremamente irritada do senhor ao meu lado me deu uma certeza: Não sou a bola da vez.
  Os gritos já haviam parado. Meia luz. As crianças, aparentemente, dormiam. O silêncio reflexivo das amigas era perceptível. Definitivamente a paz reinava dentro do avião. A meditação só foi quebrada minutos depois quando funcionários apareceram para servir o lanche da tarde. Lentamente serviram as três últimas poltronas e chegaram na nossa fileira. "Coca-Cola ou Água, senhor?", pergunta a ativa aeromoça. "Coca. Apenas Coca", respondeu de forma objetiva Saraiva. Acompanhei todo o processo em câmera lenta. O despejo do líquido preto no recipiente. As mãos semi-molhadas de gelo manuseando a garrafa. Tudo estava em slow motion diante dos meus olhos.  
  A funcionária já olhava para o outro lado a fim de saber o pedido do próximo passageiro. Foi quando toda a Coca-Cola que deveria ser servida virou-se inteira no colo do "seu Saraiva". Juro que ouvi o grito apreensivo da torcida em momento de quase gol num estádio cheio: Uhhhhh! Ele não reagiu. Não olhou para ela, tampouco deferiu qualquer palavra. Ficou mudo. Apenas mudo. Muito sem graça, a moça bolava mil e uma maneiras de lidar com tal situação. Todas sem êxito algum. Foi quando ela teve a infeliz ideia de se pronunciar. "Existe algo mais que eu possa fazer pelo senhor?". Enfurecido ele respondeu: "Tem! Tem sim. Porquê não pega o resto da garrafa, despeja tudo em mim e descobre se não consegue me molhar mais?!".
  "Reclinem suas poltronas para a posição correta. Dentro de instantes pousaremos no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo", avisou o piloto. As luzes se acenderam. Os choros voltaram com toda afinação possível. Os conselhos e o desespero da amiga também. Saraiva naquele momento era o semblante do mau humor. O medo já tomava conta do rapaz ao lado e o ataque de pânico era iminente. Eu estava intacto e isso era quase um milagre. Pela primeira vez vi tanta coisa acontecer ao meu redor e não fui afetado por nenhuma das situações.
  Já na pista esperei a boiada do empurra-empurra sair com malas e apetrechos. Cada um lentamente foi deixando o avião. Cada qual com seu destino. Provavelmente nunca mais verei tais pessoas. Dividimos quase duas horas de nossas vidas e só. Ao final de tudo, não precisei pensar muito para chegar a uma simples moral dessa longa história: "Em dias de forte tempestade procure sempre um para-raios mais potente que você mesmo".        

quinta-feira, 25 de julho de 2013

O outro lado do jardim

  A altura é relativamente baixa. Até mesmo para um menino de dez. Com pouca força lá ia a bola parar no vizinho. No começo, após o tocar da campainha, a boa educação daria a receita: "Oi, minha bola caiu aí do seu lado. Poderia pegá-la, por favor?". Depois da décima vez a astúcia falava mais alto que os bons modos e a tal cerca era apenas um obstáculo facilmente transponível.
Assim iam-se os dias quase sem fim. Sol, piscina e brincadeiras. Pouquíssimas responsabilidades - essa, uma parte boa. Hora ou outra lá se ia a bola. Tranquilo! O caminho já era mais que conhecido. Pra quê atrapalhar o pobre do vizinho. 
  De repente e num piscar de olhos as coisas mudam. Crescemos, tomamos escolhas e a vida se transforma. Uma acelerada revolução. Vejo olhares. Diferentes. Amadurecidos e ligeiramente esquecidos. Às vezes sinto o ar gélido da rotina dos ponteiros contados. Tendenciosos a certos caminhos sem via de retorno. Isso me assusta. E como assusta. Certas coisas não podem ser deletadas ou, de uma forma definitiva, serem alteradas. Gosto de observar os sinais da vida. Um ligeiro apontar de dedo. Para muitos algo invisível ou "coisa de maluco". Detesto coincidências. Aliás, nem nelas acredito.  
  Já se aproximava o fim da tarde. O sol ainda brilhava nessa época de inverno seco em Brasília. A campainha aqui de casa toca. Sem muita duração. Apenas toca. O pause no filme era a melhor solução naquele momento inoportuno para o abrir de uma porta. É quando me deparo com três filés de borboleta emparelhados do outro lado do portão. Apenas de sunga, queimados de um dia inteiro de brincadeiras e molhados pelo último mergulho. Um olhava para o chão. O outro era só sorriso. O terceiro, o menor da turma, é quem me pergunta: "Minha bola caiu aí do seu lado do jardim. Poderia pegá-la para mim, por favor?". 

terça-feira, 16 de julho de 2013

Meus trinta


  Não houve receio por sua chegada. Ao mesmo tempo também não existiu um desejo nobre por sua vinda. Não via com olhos de uma querida visita. Tampouco com a retina que enxerga um inquilino indesejável. A espera tornou-se indiferente, contudo inevitável. O poeta um dia proferiu: “O tempo não para”. Não mesmo. Apesar da síndrome de Peter Pan e minha eterna busca pela Terra do Nunca meus trinta chegaram.
  Durante esse tempo uma bagagem foi construída. Como uma estrutura forte de um prédio ainda inacabado. Tenho orgulho de quem sou. Não por um ato egocêntrico de um narcisista, mas sim pelos aprendizados e pessoas que me cercam.  Sem duvida alguma meu maior presente nessas três décadas conquistadas. Família: Suporte fundamental na vida. Sem ela perde-se rumo sem ela perde-se a rima. Amigos: Produto da arte e sinergia do encontro.
  Sob a batuta desses dois pilares conheci quem sou. Solidifiquei meu caráter, escolhas e filosofia de vida. Sozinho vi amores irem e virem. Chorei a dor da saudade e vomitei o embrulho da frustração.  Compartilhei tristezas, decepções, conquistas, alegrias e decisões. Aprendi que com dedicação e humildade não existem limites. Me tornei padrinho/tio aos quinze e vi mais cinco lindas sobrinhas nascerem. Esqueci meu carro imundo e o silencio foi meu maior castigo. Estudei matemática com minha mãe e entendi a física com meu pai. Viajei para lugares incríveis com irmãos do peito – seja a trabalho ou por mera diversão.
  Claro que o cardápio torna-se longo – não teria saco para descrever o tim tim por tim tim  dos trinta e muito menos você teria tempo para ler. Afinal, estamos na era da conectividade acelerada. Se em três segundos não agradou... Tchau! De qualquer forma, olho para trás e sinto felicidade. A nostalgia de quem viveu o que realmente tinha para viver. Ao olhar para frente vejo a estampa do desejo em querer mais e mais.
  Outros trinta. Novos trinta. Vários trinta. Um rodízio de trinta. Um somatório de trinta para ninguém botar defeito. Assim levo minha vida e juro que vou. Hoje me tornei um trintão com mais vontade de viver. Um trintão moleque de ser. Ainda rebelde. Cabeça de trintão num corpinho de vinte, ora bolas! E sem esse papo de coroa. A juventude perdura o tempo que quisermos. Basta querer. E como quero. 
Seja muito bem vindo e sinta-se a vontade. Que a casa seja sua. De vez em quando meio complicada, zoneada, mas muito aconchegante e cheia de espaço. Mantenha tudo em ordem e aproveite seu período de dez anos que entra em vigor a partir de hoje.                   

terça-feira, 9 de julho de 2013

... Eu gosto

  A música às vezes tem o poder do momento. Assim como uma fotografia que registra determinados segundos. Naquele ato! Horas de alegria, amor, tristeza ou até mesmo solidão. Cada qual se encaixa perfeitamente para um estado. Como um quebra-cabeças.
  Acredito ser a segunda vez que cito esse mesmo compositor neste espaço. Pedro Pondé, natural de Salvador, é daqueles que deveria ser conhecido por um número maior de pessoas. Não só por sua música, mas sim por sua enorme capacidade de compartilhar e transformar sua arte na arte de todos nós. 

Ocê e Eu
"Eu gosto quando ocê
 Dá o que eu gosto
Quando ocê faz o que eu gosto
Quando ocê faz o que eu faço
E ocê?
Cê gosta quando eu
Dou o que cê gosta
Quando eu
Faço o que cê gosta
Quando eu faço o que cê faz e eu:
Vira eu! Vira maluco
Vira eu! Vira um doido
Vira eu
Vira que eu gosto de virar ocê
Me mata
Mata ocê
A gente nasce todo dia é
Pra viver melhor...". (P.P.)
   

segunda-feira, 1 de julho de 2013

A camisa pesa

  Em 1991, Caetano Veloso lançava o disco Circuladô. Mais de vinte anos se passaram e só então parei para pensar que nunca havia sentido uma rusga futebolística contra a seleção Espanhola. Não me deram motivos. Há quatro anos atrás a mesma nem campeã do mundo era. Entretanto, alguma coisa estava fora da ordem. Ou dentro de uma nova ordem mundial. O país da bola redonda era a Espanha? O futebol arte tornou-se espanhol? A seleção a ser batida por todos era espanhola?  
  Faltava ainda uma coroação. Eles precisavam ganhar do Brasil. A coroa seria temporariamente entregue. Uma vitória espanhola em pleno território brasileiro, diante de sua torcida e numa final de Copa das Confederações comprovaria a tal ascensão da nova ordem. 
  Entretanto, certas vezes o sucessor não está preparado para receber grandes responsabilidades. O que vimos foi uma escovada bem dada pela seleção Brasileira e o ensinamento que a camisa amarela pesa e assusta muito. Um Maracanã lotado, um fora de série desequilibrando, um centroavante de ofício com  média de um gol por partida, um volante marcador e o bom e velho estilo brigador da Família Scolari bastou. Foi suficiente para um 3 x 0 incontestável. 
  Espero não ter que esperar mais vinte anos para pensar na possibilidade de uma rixa com os espanhóis. Essa briga é saudável, alimenta o espírito do esporte e da competitividade. Enquanto esse dia não chega nos resta passar o recado adiante: "O título de país do futebol permanece por aqui até segunda ordem. Nos encontramos ano que vem".             

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Nós? Queremos mudança. O povo? Necessita mudança.

  Tenho digerido de uma forma muito estranha tudo isso que tenho visto, ouvido e lido. Apesar do interesse e educação política que sempre tive dentro de casa sempre me enojei muito de tudo. Escândalos, falta de credibilidade, frustração eleitoral, situação básica do país, entre outros pontos ofuscaram a luz da minha esperança. Há duas eleições somente executei dois votos para o mesmo candidato. Isenção do ato de cidadão? Claro que não! Simplesmente falta de opção.
   Faço parte de uma classe pouco atingida por nossa REAL situação. Tive oportunidade de estudar em colégios particulares, acesso à hospitais particulares, moro num bairro seguro e sempre tive uma possibilidade de vida completamente diferenciada. Faço parte de uma minoria. Nem por isso não pensante, ausente, manipulada ou cega. De qualquer forma, a indignação nunca saiu das rodas de conversas, participação em movimentos pseudo-históricos e consciência político-social. Querendo ou não a inércia cômoda nos suga e assim, mesmo indignados, tocamos em frente.
   Os últimos acontecimentos me fizeram refletir sobre a origem disso tudo. Não de uma forma superficial retratada apenas em imagens; fossem elas de manifestações pacíficas ou em atos de vandalismo. No encontro de segunda-feira me arrepiei por diversas vezes. Vi estudantes, idosos, crianças, homens e mulheres que cantavam e conversavam em grupos. Imagens que me marcaram de uma forma muito positiva. Senti orgulho de Brasília. Subi tranquilamente na área externa do Congresso sentei e mais uma vez me emocionei com aquela visão e situação vivida. Achei, sinceramente, que nunca viveria para ver tal coisa.
   Três dias depois a coisa mudou. O clima mais tenso, o povo mais disposto, a polícia a postos. Ouvi o hino ser cantado por 35 mil pessoas. O arrepio voltava. Vi mais crianças, mais idosos e mais estudantes. Pude ver também a participação do povo das cidades satélites - visivelmente ausentes na segunda-feira. Vi baderneiros, pessoas que não sabiam por qual motivo ali estavam e pessoas muito atuantes.
   De repente a imagem era de uma guerra civil. Pude ver tudo de perto e, mesmo preocupado, me forcei a permanecer ali. Muito fogo, bombas, gás, pedra e a grande multidão assustada. A depredação era visível e o alvo naquele momento era o Itamaraty. Tudo durou cerca de uma hora e logo foi abafado e dispersado pela ação da polícia.
   Ali, naquele momento, minha cabeça entrou num processo de mutação. Não sou a favor da violência, do confronto, depredação, baderna e outras palavras que tornaram-se "nova tendência" do nosso cotidiano. Tampouco, assumo com muita sinceridade, senti raiva daquilo que vi. Assim como não senti raiva das imagens de vandalismo que pude ver em São Paulo, Rio de Janeiro e demais capitais e cidades. Minha raiva estava voltada para outro lado. Meus olhos queriam ver algo mais fundo e me dar outras respostas. Logo pude enxergar a falta de apoio a educação, os hospitais públicos em péssimo estado, a falta de segurança nos quatro cantos do país, a superfaturação ANUNCIADA dos estádios da Copa do Mundo, os escandalosos de políticos de esquerda/direita exercidos há mais de vinte anos, criações de PECs absurdas, entre centenas de outras questões que poderiam ser explicitadas aqui. Quem quebra, depreda, saqueia, confronta é chamado de bandido ou burro. É tirado de um movimento por vergonha dos seus atos. A minha pergunta é: Fazemos parte de um mesmo sistema? E que sistema é esse? Quem faz parte desse sistema? Será que se eu visse meu filho sem estudo e associando-se ao tráfico eu não seria um desses "burros"? Ou se perdesse meu pai numa fila de hospital entupida de doentes não atendidos por falta de médico eu não me tornaria um verdadeiro baderneiro? Quem sabe... Isso vai muito além de simples cenas de quebra-quebra, opiniões patrimoniais ou sentimentalismo patriótico. Nós? Queremos mudança. O povo? Necessita de mudança.
   Sou contra o terrorismo. Definitivamente. Muito menos serei um terrorista nessa vida. Entretanto, chego a triste conclusão que perdemos um pouco o compasso e os gritos de ordem e progresso, mesmo sendo ecoados por 300 mil pessoas pacíficas nas ruas, não afetará as decisões e reciclagem do nosso governo. Esses mesmos governantes que assistem tudo tranquilamente da tela de suas TVs. Os atos geraram medo. Foram noticiados para o mundo inteiro. Pessoas foram feridas. Outras prejudicadas. Quem são os verdadeiros culpados disso tudo, eu pergunto?! A parcela mínima de vândalos, desorientados, estúpidos e baderneiros sem-causa? NÃO e NÃO! Não concordo. Nossos verdadeiros vândalos nos governam, foram eleitos pelo país, e depredam nosso patrimônio (nossa vida) diariamente. Não se caça tubarão sem sangue na água, já dizia o pescador.
   Terei o maior prazer em colaborar com toda ideia em aumentar a produtividade das ações pacíficas, em conversar, debater e comparecer no que for preciso. Também aceitarei críticas construtivas e gostaria muito que novos acontecimentos mudassem a minha opinião. Ser convencido, com embasamentos reais, de que essa revolução possa acontecer com flores e sem armas.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Aquele nó na garganta

  Me arrepiei como nunca achei que aconteceria. Jovens, estudantes, engravatados, mulheres, homens e crianças. Todos reunidos por um único propósito: Tentar mudar a situação de um país. Não gostaria de entrar na entrave político-social, partidária do Brasil ou me posicionar como esquerdista ou de direita. Não cabe a mim. Há algo maior no ar. Despertei para uma luz de esperança que já havia adormecido. Pensei que não viveria o bastante para ver algumas coisas acontecerem.
  O Congresso foi ocupado de forma pacifica e realmente o que se via ali era um público bastante consciente de suas ações. Gritos de protestos, cartazes, máscaras e caras pintadas. Vozes ecoavam a vontade de se fazer presente; unidos independente a quaisquer mudanças imediatas. Não foi preciso um mega show gratuito superfaturado. A aglomeração foi espontânea.
  Por diversas vezes me peguei olhando a obra artística que representa o poder político do país com um nó na garganta. O arrepio nos braços aumentavam a cada aplauso pós coro dos mais de cinco mil presentes.  No dia seguinte estava em São Paulo. Ao me deparar com a saída do aeroporto dei de cara com uma banca que distribuía o jornal Folha de SP. A capa do diário estampava uma foto de Brasília, o Congresso e a manifestação. O título não poderia ser outro: "O povo acordou".  
  Hoje é mais um dia de protestos. Estarei presente. Sem duvida alguma. Torço para que essa magia que aconteceu se repita. Sem violência ou depredação. Apenas a força de um povo que vive na capital e mostra sua cara. Um povo acostumado a ver sua cidade crucificada por ser sede do poder. Um povo julgado por um país. Um povo criticado e apontado como aculturados. Um povo miscigenado e acolhedor, sem escolha própria, de todos os empregados da política do Brasil. Um povo que, sinceramente, deve se orgulhar de ser brasiliense. Somos sim. Nascidos na Capital Federal e daremos o verdadeiro exemplo nesse momento. E que assim seja. Nossa evolução será televisionada da maneira mais positiva possível. Tenho certeza. 
  Até mais tarde!              


domingo, 2 de junho de 2013

O Brasil deixou de torcer para o Brasil


  Sou viciado em futebol. Assumo. Doença que me acompanha desde que me conheço por gente. Tive o sonho de todo moleque e também já quis ser jogador. Obviamente tal desejo virou apenas hobby, contudo, ainda acho que vestiria facilmente a dez da seleção. O vício perdurou. Resolvi escolher o curso de jornalismo para trabalhar com o quê? Futebol. Dito e feito. Durante quatro anos e meio lidei diariamente com esse esporte. De segunda a segunda em treinos, jogos, entrevistas, idas e vindas aos centros e estádios.
  Por uma questão familiar fui botafoguense. Torcia com fervor para o alvinegro. Vi alguns títulos cariocas e uma conquista de um Brasileiro. A vida me mostrou, com o passar do tempo, que amor nasce e não se impõe. Como num dito popular virei a casaca. Há anos me vi torcedor de um time da minha cidade. Uma equipe que eu pude acompanhar, ir aos jogos e ser legítimo. Só não contava, passados quase quinze anos, que hoje esse mesmo time estaria quase inexistente. 
  Sobrou a paixão pelo esporte. Assisto todo tipo de jogo e nunca torço para nenhum time. Para um viciado sinto falta da paixão, do grito e sofrimento. Essa que ainda é despertada pela seleção. Mesmo em um momento em que vivemos um dos maiores assaltos que um país já viu, não consigo não torcer para o Brasil. Vibrar com a amarelinha. Foi o que me restou - e nesse momento deixo totalmente de fora questões de impactos sociais, segurança, saúde e condições políticas que vivemos. Falo apenas como um amante do esporte. 
  Faço parte de uma geração acostumada a ver uma seleção vitoriosa. Na minha primeira Copa do Mundo fui brindado de cara com um título. Logo após assisti a um vice e outro caneco mundial. Criamos ídolos que hoje servem de referência ao que mais se aproxima do genial. Entretanto, vejo uma nova e antiga geração de torcedores que fazem questão de torcer contra. O por quê? Citaria alguns vários motivos. Quase todos inaceitáveis para mim - levo em consideração pessoas que realmente gostam de futebol. Essa seria uma análise um pouco mais extensa. Mesmo assim me pergunto: Em que momento o Brasil deixou de torcer para o Brasil?
  

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Relação light

  Tenho certeza que não é uma relação unilateral ou platônica. Acredito também que sua família é oriunda do sul do país ou, pelo menos lá no alto de seus galhos genealógicos, uma proximidade existe. Não faço idéia dos anos que possui. Se já é centenária ou se mal chegou aos vinte e cinco. Pouco importa. 
  De tempos em tempos - e realmente muito tempo - me pego realizando certa visita. Nada programado e de repente: Puft! Lá estou. Não recebo convite formal ou chamado espiritual. Simplesmente quando percebo já cheguei. Seja por um motivo besta qualquer ou algo descomunal. Coberto por sua enorme copa vejo o mundo que me rodeia. Por mais louco que seja, preciso confessar: Descobri ter uma amizade com uma árvore. 
  A relação é light. Sem cobrança ou mensagens de Whatsapp. Não me preocupo caso ela não ligue no meu aniversário ou no natal. Entendo suas razões. Realmente entendo. A tecnologia nunca foi seu forte. Acredito que uma boa amiga deve ser, impreterivelmente, uma excelente ouvinte. Humm! Essa é sua maior virtude. Me escuta horas a fio e responde todo o resto em absoluto silêncio. Sempre reconheceu ser uma árvore de poucas palavras. No final das contas, isso também nunca me incomodou. Pelo contrário. Enjôo rápido de gente que fala demais.
  Não sei ainda quando volto a vê-la. Não marcamos dia ou horário. Nem mesmo um programa combinado. Ela não é muito de sair. De repente bate uma saudade e a gente se encontra. Colocar a conversa em dia e relembrar outras várias histórias antigas. Se eu demorar para aparecer ela deve ligar. Tenho certeza que atenderia catatonicamente surpreso. Depois bem feliz. Sem dúvida. Como uma rajada de vento forte num pensamento estaria lá; brevemente acolhido por suas sombras e de papo totalmente pro ar.    

 

terça-feira, 14 de maio de 2013

O beijo


  Dizem que antigamente era costume mandar beijos para os deuses. As primeiras referências encontradas para um dos atos mais humanos. Uma forma de afeição, devoção e reconhecimento. Na Escócia medieval, era normal o padre beijar os lábios da noiva. Acreditava-se que a fidelidade conjugal dependia dessa benção.
  O beijo! Ele que envolve tanta química, jeito, gosto e até sabores. É a verdadeira conclusão do pós-verbal - ou assim deveria ser. Um beijo doce ou um beijinho estaladinho. Se o beijo é roubado vai pagar caro se o beijo for demorado.
  Um beijo doce ou um beijo ligeiro. Beijinho facinho ou muito molhado. Beijo selinho, cinematográfico, de arrepio ou de borboleta. Beijo de Drácula ou Titanic. Beijo francês ou de meros amigos. Para os curiosos durante um beijo você movimenta 29 músculos, dos quais 17 são da língua. O coração acelera e vai de 60 a 150 batimentos. Sem contar na perda de doze calorias, dependendo do beijo, é claro! 
  E quem é que não quer ser beijado?! Se for somar quanto é que vale um beijo? Beijinho apaixonado um preço nem tem discussão. Para todo beijo nenhum amor reclama. Quem não quer ser beijado por quem ama?! É beijo que vem e é beijo quem vai. O melhor beijo é o do grande amor! 

Idéias e referências retiradas da música - "Beijinho " (Alex Sousa). 



segunda-feira, 13 de maio de 2013

Eu leio

  Uma música achada esses dias. Vem da Bahia. Fonte máxima de inspiração para vários poetas, artistas e sonhadores. A composição é de Pedro Pondé, na época fazia parte da sua ex-, mas atual banda chamada Scambo - é tipo relacionamento conturbado que vai, vem, volta e sai. Pondé é desses que deveriam ser descobertos por seu talento nato de quem tem a arte naturalmente correndo dentro de suas veias.
Fica a dica para uma boa leitura e/ou um bom som: 


"Eu leio gestos e intenções
Palavras não me enganam mais
Quando são só sonhos,quando são só sonhos
Não me tocam
Sorrisos não me iludem mais
Eu leio gestos e intenções
Quando o olho trai, quando o olho trai
Não me atrai, eu não vejo a minima graça!

Você pode duvidar se quiser
Se quiser perder seu tempo, seu precioso tempo
Você pode o que quiser, se puder
Meta a cara nesse espelho !

Eu leio, eu leio, eu leio gestos e intenções
Palavras não me enganam mais
Quando são só sonhos, quando são só sonhos
Não me tocam

Você pode duvidar se quiser
Se quiser perder seu tempo, seu precioso tempo
Você pode o que quiser, se puder
Meta a cara nesse espelho !

terça-feira, 7 de maio de 2013

Assim são para sempre felizes

  Esses dias estive num sarau do Vinícius de Moraes. Sou fã incondicional do poetinha. Desde suas obras musicais quanto suas crônicas, textos e poemas. Prestei bastante atenção em diversas passagens naquela noite e pude perceber um fato: saber falar de amor é uma missão para poucos.
  Ao tentar buscar o tema e começar a escrever me preocupei, pois as coisas poderiam ficar muito bregas, derretidas demais ou até mesmo confusas a quem inicia na tal arte. Esses dias procurei estudar para me aprimorar e até mesmo tentar entender um pouco mais a respeito. Sempre ouvi por aí sobre almas gêmeas relacionadas a histórias de amor. Entretanto, Manuel Bandeira não concordou muito: "Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor".
  Da poetisa portuguesa Florbela Espanca veio meu nocaute mais forte. Fiquei bastante atordoado com o que li. Sempre concordei com o fato do amor se transformar do singular para o plural - vide Vinícius de Moraes casado por nove vezes. Mas nesse caso... "Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... além... Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente. Amar! Amar! E não amar ninguém".
  A quantidade de obra literária ao pesquisar textos que falam sobre amor de uma maneira "brega", "infantil" ou "engraçadinha" foi o que mais me surpreendeu. Desde nomes muito conhecidos a diversos românticos anônimos o arquivo é vasto - e olha que preferi não ir muito a fundo e acabei deixando o Sertanejo Universitário de fora. "À noite, estava olhando as estrelas tentando dar a cada uma delas um motivo de por que gostar tanto de você. Sabe o que aconteceu? Faltaram-me estrelas"!
  Há também o estilo poético malandro. O estudioso da vida que sabe trabalhar com palavras de difícil compreensão, mas que quando precisa é simples sem fazer o menor esforço. Diz aí Chico: "Quando nos apaixonamos, poça d'água é chafariz. Ao olhar o céu de Ramos vê-se as luzes de Paris".
  Do brega ao sem nexo, do infantil ao poético uma coisa é certa: Escrever sobre o amor é uma missão para poucos. Poucos que pouco se importam com estilo e sim com que o que está sendo dito. Poucos que preferem o risco da exposição a ter que guardar tal momento. Poucos que fazem da vida uma eterna frase romântica e assim são para sempre felizes.   

segunda-feira, 22 de abril de 2013

Fim de semana especial


  Esse final de semana foi realmente especial. Retornar a Belo Horizonte é sempre um prazer. Seja a trabalho, lazer e/ou diversão. Basta pisar em terras mineiras e já é possível sentir uma sensação diferente. Passei boa parte da minha sexta-feira resolvendo questões com a produção do show que haveria no sábado: Surf Sessions e Ponto de Equilíbrio. A noite foi mais tranqüila e pude desfrutar um pouco mais a cidade e seus encantos.
   No sábado, a gang do Surf estava reunida. Almoço, montagem do palco, passagem de som e descanso na pousada. Tudo redondo. Logo no início da noite retornamos ao evento. Absurdamente lotado. Era nossa quinta vez em Belo Horizonte. Nosso show durou exatamente uma hora. Fizemos uma apresentação autoral. Como deve ser. O público acompanhou, vibrou e aplaudiu. Quando não se sentia a vontade emitia um breve silêncio à espera de uma próxima canção. Mais uma vez fomos muito bem recebidos numa cidade que já podemos chamar de nossa segunda casa. 
  A volta foi cansativa. Aeroporto logo cedo. Correria para check-in, embarque dos instrumentos e todos a bordo. Afinal, tínhamos um objetivo: Show no Museu da República - 53 anos de Brasília. Política à parte, senti-me realizado como profissional e cidadão. Fazer parte dessa história foi muito significativo para todos nós. Tenho muito orgulho da minha cidade e de ser brasiliense. Assim que chegamos no aeroporto fomos direto para o Teatro Nacional. De lá direto para o palco montado no Museu. Muita gente envolvida para tudo sair nos conformes.  E tudo saiu.
  O horário avisava: Dez minutos para o show. Sem atrasos e tudo muito correto. O público estava lá. Querendo música. Querendo show. Foram 12 executadas uma atrás da outra. Mais um show autoral. Nosso som. Nossas músicas. Nossa casa. Os rostinhos respondiam cantando com alegria. Foi um daqueles pra se gravar na memória e jamais esquecê-lo. 
  Cheguei em casa quase sete e meia da noite. Cansado, mas completamente realizado. Com aquela sensação do dever cumprido. Dormi com vontade. Até o dia seguinte. Ao acordar abri os olhos e, ainda com a cabeça no travesseiro, só agradeci. Pelos companheiros, pela oportunidade, pelo esforço e recompensa desses dois últimos dias que fizeram de mim um cara muito feliz.  

quarta-feira, 17 de abril de 2013

Dia Não

  Existem dias que deveriam ficar de fora. Tipo página arrancada de um livro ou carta out do baralho. A gente acorda e sente que algo não tá legal. A mente acusa. Assim segue-se a rotina normalmente. O passar das horas confirmam a premonição pós sono. É uma chateação aqui e um aborrecimento dali. Acontecimentos geralmente com ou sem muita importância, mas que nesse dia abalam as estruturas. Nada muito parecido com um Um Dia de Fúria, entretanto a paciência começa a perder espaço - se é que ainda havia - e a sensação que era apenas um achismo torna-se real: Hoje é um "dia não". 
  Minha Tia-Avó tinha disso. Sempre que ela nos visitava me batia uma curiosidade imensa. Logo ao acordar corria para saber se ela estava num "dia sim" ou num "dia não". Não existia muita coerência numérica. Ela simplesmente decidia e ponto final. Nada que a tirasse muito do seu estado normal de anjo, porém essa variação me despertava uma interrogação sobre seu comportamento. 
  A solução mesmo é enfrentar os pensamentos e tocar o dia até a sua vigésima quarta hora. Pensar menos também ajuda. Dizem que até respirar mais é um santo remédio. Saber contar pelo menos até dez é necessário. Faz parte do cotidiano e da vida conviver com um "dia não". Agora, nada melhor que uma bela série de "dias sim" pra compensar, não acha?!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Medo?

  Já tive do escuro. Do fundo da minha piscina. De escutar histórias de terror. De subir as escadas sozinho e descê-las também. De dar de cara com uma alma penada. De sonhar coisas ruins a noite inteira. De altura. De ser atacado por um tubarão. Do abandono. Em perder meus melhores amigos. De ficar doente pro resto da vida. De ser julgado injustamente. De ficar longe dos meus pais. Do amor.   
  Para muitos um freio. O pai da moralidade - segundo Nietzsche. Daqueles que trava mais que ABS. Para outros um combustível. O impensável. Sentimento que esfria a barriga, mas faz mover o mundo há mais de cem. Me acompanha e, masoquismos à parte, torço para que nunca saia de perto. O homem que não sente medo não vive o intenso da vida. Está gélido e encaixotado. Fomos desafiados desde o primeiro momento que recebemos a dádiva do viver. Aceitá-lo? É nossa missão. Recuar? Um ato esnobe frente ao tempo. Negá-lo? É brindar ao fracasso.  
  Certos medos de criança ainda permanecem. Como um lembrete preso na geladeira que me faz fincar os pés na Terra do Nunca. Outros evoluíram ou foram adquiridos. Hoje, sinto medo quando penso que errei sem ao menos ter me arriscado. Medo de pensar na derrota sem a possibilidade da luta. Medo de viver sem realmente ter vivido. Medo de ser abatido pela covardia. O medo é meu espinafre. O que me instiga e me destaca. Me transforma e traz renovação. Faz do meu futuro um alcance possível e presente. Consolida todos meus sonhos em reais possibilidades de vida. 
  Medo? Que dá medo que medo que dá!   

quinta-feira, 11 de abril de 2013

Os segredos da "Água de Lá"


  Um dia me contaram uma história sobre a "Água de Lá". Uma água mística que é abençoada por anjos, fadas, santos e duendes. Dizem que antes de cair dos céus ela passa por nuvens de algodão e perfeitos raios de sol. Depois se aloja num cantinho qualquer. Como uma poça. É composta por ingredientes do amor, felicidade, alegria, sorrisos, confiança, amizade, aprendizado, crescimento e bondade. A dádiva de quem a detém é o mais puro conhecimento do simples saber. Saber que basta imaginar que se faz um bem. Que basta querer que é possível ter. Que a vida não é só viver. Saber que uma escolha pode mudar um mundo e que este mesmo mundo só depende de você. 
  Por algum tempo andei procurando a tal bendita água. Afinal, tantos ensinamentos numa simples levada a gente não encontra em qualquer liquidação por aí. Vasculhei rios e florestas. Becos e esquinas. Savanas e montanhas. Praias e cachoeiras. Nos cantos mais remotos do planeta estive, porém nada achei. Já cansado de tanta peregrinação sentei para um leve descanso. Como se estivesse num sonho senti meu corpo flutuar e me levar para outro lugar. Em estado de graça vi minha vida passar por mim. Como um filme em reprise assisti a todos meus capítulos de alegria, tristeza, valores, topadas, risos, conquistas e derrotas. 
  Levemente abri os olhos e me vi pronto. Quanto mais precisarei percorrer? Não sei se estou perto ou muito distante. Já me sentia forte e totalmente descansado para andar e continuar minha procura. Só que não! Não mais. Não queria mais buscar aquilo que para mim se tornara material. Algo havia mudado. Pude perceber que a água já fazia parte de mim. Há muito tempo. Acompanhava-me, me ensinava e me trazia toda  sua luz e poder. A "Água de Lá" era literalmente minha vida!
   A água me abastecia com doses homeopáticas e todo esse tempo recebi sua dádiva. Percebi o quanto estava cego e adoecido por uma busca que seria interminável. Não me arrependo por minha quase infinita viagem. Tampouco enxergo meu tempo perdido. Esse foi meu caminho e até então destino. Hoje sei que encontrei minha água e todo seu tesouro. 
  Vejo meu futuro pela frente. Sem o peso de uma única busca, mas de diversas buscas. Novos caminhos a serem percorridos. Novas aventuras, surpresas, desafios e histórias. Todo o tempo do mundo pela frente. Tempo para desfrutar a "Água de Lá" e tudo o que ela ainda vai me presentear. Tempo para viver e ainda muito o que aprender. Tempo que se faz justo para quem vê sua verdadeira "Água de Lá" e não para quem busca algo que certamente jamais poderá alcançar.   



terça-feira, 9 de abril de 2013

A noite


  Hoje li um texto na internet que chamou minha atenção. Nada que fosse inédito, mas gostei do formato claro que foi dito. Depois da leitura fiquei me perguntando se estamos ligeiramente despreparados para certas situações, se isso tudo é um processo natural ou se é apenas uma questão cultural. Não consegui chegar a uma resposta muito concreta.
   As linhas do autor desconhecido falavam a respeito das noitadas, baladas, nights, estrondas e etc. Da forma como elas podem ser falsas dependendo do ponto de vista de quem a vê. "... Onde máscaras valem mais do que expressões, garrafas de bebida valem mais do que apertos de mão e companhias falsas valem mais do que uma conversa sincera com a menina menos atraente da festa", comentou no texto.
  Fato é que todo início de relação é baseado numa dependência de interesse. Seja ela positiva ou não. A beleza, o tesão, a conquista, o dinheiro, uma boa conversa, o status, o limite do cartão e o charme são algumas das possíveis e diferentes ferramentas usadas neste campo de batalha. Dependendo da arma utilizada cabe exclusivamente ao combatente saber, preferencialmente com a cabeça pensante, que tipo de "adversária" será atraída. A guerra se torna um pouco menos falsa. Como disse o ex-jogador Vampeta: "Vocês fingem que pagam e eu finjo que jogo". A filosofia até pode vir a ser essa. 
  Não estou dizendo que o amor da sua vida não pode estar numa balada e muito menos que tudo isso é uma regra sem exceção. Acredito fielmente no amor, na conquista verdadeira, no romance e na paixão. Acredito também que encontrá-lo em certos ambientes é mais difícil que ver nota de cem. Então adapte-se! Como um bom e esperto camaleão. 
  A grande conclusão que podemos chegar é que nada possui fórmula definida e correta. Em busca ou não do grande amor use suas armas. Aquela que Deus lhe deu e que está exclusivamente a seu alcance. Seja ela apenas um bom papo, inteligência e aquele velho sorriso charmoso ou um cartão de crédito gordo e um cavalo estampado na camisa. E não se engane. Como já dizia o sábio chinês-baiano: "A noite é linda e cheia de encantos, mas você atrai aquilo que você transmite. Clássico é clássico e vice-versa!".              

quarta-feira, 3 de abril de 2013

Seu Dia!

  Hoje, o garoto do Rio seria um coroa do Rio. Não sei se no "Rock´n Geral" como um Jagger ou mais "Medieval" como a turma da MPB. Difícil adivinhar. Uma coisa é certa; estaria no barulho. "O Tempo não Pára" e alguns anos se passaram desde os anos oitenta. Muita coisa mudou. Outras nem tanto. O mesmo garoto não estranharia tanto a festa pobre da "Burguesia" do seu "Brasil" versão 2013.  
  Ele deixou seu legado. Falou sobre amor, protestou com ironia única e viveu a "Inocência do Prazer". Tornou-se ícone de uma geração. Não acredito ser "Exagerado" nas minhas palavras. Muitos vão discordar. Dizer que ele pode apenas ter sido um "Sub-Produto do Rock" e como pessoa uma "Menina Mimada". Suas atitudes e personalidade o fizeram pegar um "Trem pras Estrelas". Precoce e realmente muito novo. Portador de uma doença que hoje não o levaria como "Cobaias de Deus". Tenho certeza. Seu excesso foi seu "Ponto Fraco".
  Não estou aqui para escrever a respeito da sua "Ideologia", erros ou acerto. Isso não "Faz Parte do Meu Show". Prefiro, neste dia quatro de abril de 2013, reverenciar seus 55 anos completados. Essa seria a idade do "Maior Abandonado" Agenor de Miranda Araújo Neto, mais conhecido como Cazuza. 
Lembro daquela menina que me pedia com "Todo Amor Que Houver Nessa Vida" para que eu escutasse, lesse e conhecesse a obra do Caju. Hoje, mais que agradeço sua influência.
  Por "Quase Um Segundo" achei que não fosse conseguir terminar. Eu me conheço. Não levantaria dessa cadeira por nada, assim como um bêbado que não deixa de passear "De Bar em Bar" sem causar "Mal Nenhum" a ninguém. Comecei a escrever ontem e pedi "Pro Dia Nascer Feliz", cheio de alegria, blues, risadas, rock, amores, bossa e cercado por pessoas queridas. "Nada Nesse Mundo É Nunca Mais". E que assim seja!  
  Parabéns pelo seu dia!

terça-feira, 19 de março de 2013

Culpado

  "Eu, homem criado, nascido e crescido. Sob céu e solo abençoado. Nas veias o estilo: Bem dado, guardado e regado. À espera; Lastimável... À espera do quê? Saia, veja e desenvolva. Não pare, não pisque e não morra. Na gangorra do sim e do não. Suba! O bem, a paz e o clarear. Desejos de um artista. O dom. O dom de todos os artistas. Afinal, somos todos artistas. Que vivamos as cenas do hoje. Do ontem? Já passou. Amanhã? Só sei que não sei. Você? Acorda! Viajou? Na hipnose falada das letras ou num swing implacável de um som? 
  Nós, cambadas de animais superdesenvolvidos. Que pena que pensamos. Ferozes... Somos reis e rainhas numa Terra onde estranhos dominam. Mesma Terra que corre e corre todos os dias. E onde pararemos? Torres gêmeas, Maracanã. Guerra Santa, Santa?! Ou Vietnã. Terroristas e tupinambás. A bíblia? O que dirá Alá, sei lá. Não sei nem mais o que pensar o que dirá falar.
   Resumo em suma, senhoras e senhores: O crescimento nos suga. E eu, criança à espera sob céu e solo do caus avanço. Jaz aqui, póstumas palavras de um ser culpado".

terça-feira, 12 de março de 2013

Linhas Tortas

- "Ei! Ei! Parado você aí.
- Quem, eu?!
- É! Você mesmo. Vai pra onde?
- Vou trabalhar.
- O que que é isso aí, é droga?
- Não! Mas faz quem usa viajar.
- É o que? Arma?
- Não, mas faz quem usa ser mais forte.
- O que que você vai fazer com isso?
- Eu vendo isso. Pra quem tem o poder de compra dos que não podem comprar. Ajudam a aplicar no povo e explicam o modo de usar. Eu vendo livros, cara.
- É um bom negócio?
- Honesto e bom, pode crer! E a melhor parte é poder entregar sabendo que alguém vai ler. Tem gente que escreve por ego ou só pra fazer firula. O meu texto é simples e sincero. É tinta que sai da medula. Chuto as palavras pra fora e elas que vem me buscar.
- Ahn... Entendi. Hum.. E quanto é? Me vê um aê. Me vê um desse aí!
- É 35,00...".

Linhas Tortas - O Pensador, Gabriel.

Doce

Doce como a vida um fruto do amor
Sorte que não mente presente perfume de uma flor
Olhos delicados
O seu sorriso me mandou
Uma mensagem 
Vinda feito um anjo um santo protetor
Me perguntei:
Se ela vai voltar
Agora eu sei, sim sei
Que aquele lero tão honesto
Um blefe tão sincero
Um dia vai embora
Aquele beijo disfarçado
Você sempre ao meu lado
Um dia vai embora
Um dia vai embora
Doce...

sexta-feira, 8 de março de 2013

Ela


  Me viu crescer. Acompanha cada passo dessa jornada. De criança ao homem hoje formado aplaudiu meus acertos e me alertou para os erros. Fiel. Sempre ao meu lado. Nunca pestanejou para um pedido de necessidade. Quando, as mínimas vezes, deixada momentaneamente de lado, pediu carinho. Atendido de prontidão, claro. Pouco ciumenta. Se é? Esconde bem. Altruísta? Sem dúvida. Minha felicidade e de quem está a sua volta sempre em primeiro lugar. 
  Aceitou outras. Dividiu espaço sem nunca se preocupar. Pensou sempre na multiplicação e união do amor. Sem pedir nada em troca. Apenas por carinho, espírito e energia. Ela é assim. Num breve cair de lágrimas lá estava ela com seu colo de prontidão. Como um porto sempre em alerta.  "Vinte e seis horas" por dia.
  Somos do mesmo signo. Isso nos aproxima. Meu outro eu. Parecidos em diversos aspectos e diferentes em outros tantos. Coisa de outra vida. Um caso de amor que já perdura quase três décadas. 
  Num dia dedicado às mulheres não minto que muitas passaram pela cabeça. Cada qual com seu valor. Seja ele histórico, quase eterno ou meramente passageiro. Isso realmente não importa. Entretanto, ela é ela e ponto. Que fique claro e assim será. Não apenas nesta data inventada e sim por um todo jamais esquecido. 
  "... Moça dessas que, com seus dotes e seus dons, inspira parte dos compositores na arte das palavras e dos sons".  Mãe, só você que é todas elas juntas num só ser.
  Amor eterno. 

sábado, 23 de fevereiro de 2013

De olhos bem fechados


  Deixa passar. A bebida ajudou. Sem dúvida. Trouxe a dúvida. Prometeu pegar mais leve da próxima vez. O som dos Trilhos Urbanos ainda estava muito alto dentro daquele silêncio. Olhou para o espelho e na primeira mão d´água borrou-se inteira. Nessa hora a ressaca já dava o seu ar da graça. Tão cedo assim? Latente e pulsante! Momento de pouca paciência. Ausência dela. Menos palavras, menos gestos. A cabeça dói. O teto gira. Pior impossível. A voz não a acalma nem um pouco. Soa como pequenos insetinhos voadores abanando seus ouvidos. Pode parar? Não quero hoje. Na verdade, hoje não deu e por hoje já deu.          
  Após uma noite conturbada ela preferiu virar-se para o outro lado e dormir. Aquela companhia não era tão desejável para o momento, porém necessária. Gosto e cheiro lembravam sonhos antes não vividos. Eram estranhos. Mesmo com o calor do toque a sensação era de bruta solidão. Essa mesmo que a cada suspiro lhe arrancava pedaços de dentro. O jeito mesmo era adormecer. Esquecer e torcer para o tempo correr. Tic-tac tic-tac! O mais depressa possível. Com toda destreza e sabedoria que somente ele tem. A arte do acostumar-se sem esquecer. Do sofrer sem ter que perceber. Do sentir sem ver o mesmo passar. 
  Já está deitada. Um sussurro, uma voz doce e quase perfeita que diz:  "Então, façamos um trato? Sem pestanejar e de maneira sonolenta ela responde. "Sim Caetano. Trato feito".  
  De olhos bem fechados e até amanhã...



terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Saudades

  Senti saudades de você. Da nossa companhia, conversas e jeito transparente de levar certas situações. Das suas angústias e crises. Das inúmeras risadas e das lágrimas também. Da maneira inteligente ao falar. As histórias e novidades. A postura sincera, porém debochada. Senti saudades. Sem meias verdades. Seus elogios e confissões. Os contos, fantasias e encantos. As motivações e todas suas invenções. Os sonhos aproximados. Bateu uma saudade boa que não mastiga o estômago e nem machuca.     
  Pensei ter visto você por aí, mas resolvi esperar. Sem loucura pra chegar. Assim, o quanto antes nos encontraríamos. Alguns dizem que tais sensações podem ser prejudiciais. Causar ansiedade ou até mesmo depressão. Ahhh não! Aqui não. Deixo tal análise e constatação para especialistas de causa. Gosto da saudade que me faz bem. Aquela que dá vontade de ser feliz. Que faz brotar um sorriso de canto de boca absolutamente natural...     
  De tempos em tempos esse intervalo faz bem a quem gosta. Nos reinventa. Estive viajando e passei quase três semanas fora da toca. Longe da concha que protege os cancerianos. Pude me permitir e com isso ultrapassar certos limites. Entre pensamentos e vivências tive medo. Óbvio! Sou humano. Também tive alguns receios. Esses que logo foram aniquilados por uma vontade unânime e sagaz em prol do bem estar. Percepções criadas e pessoas reconhecidas. Caminhei lado a lado com diversos sentimentos e tive saudade em quase todos os momentos. Saudade, essa típica entre nós; mamíferos sociais. Cresci um pouco mais.  Admito.
  Agora, já de volta, não pude esperar um segundo sequer. Forcei nosso encontro. Talvez ainda sem um motivo definido ou realmente necessário. Foi tipo inventado mesmo. Ainda assim, reafirmo: precisava te ver. Olhos nos olhos. Saber por onde e com quem anda. Recriar nossos desabafos e apegos. As intrigas e devaneios. Aproximar nosso tempo jamais perdido. Confesso que estou um pouco frio. Como um pedaço de arame enferrujado que acaba de conhecer. Normal, afinal, estivemos ligeiramente separados. Agora cá estamos. Juntos. Unindo a fome com a vontade de comer. Como eu senti saudades de você: Dá saudade escrever, escrever dá saudade...!     

terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dia 29 de janeiro

  Recém saído do segundo grau, na época, estudava para o vestibular. Assumo que me encontrava completamente perdido. Não sabia o que queria. Na minha cabeça eu tinha apenas duas opções: psicologia ou jornalismo. Não tinha muita informação sobre a psicologia e logo me pareceu muito romantismo da minha parte tal escolha. Optar pelo jornalismo foi aceitar um fanatismo, que desde criança, tinha por qualquer coisa ligada ao esporte. Assim foi feito.
  Logo estava matriculado e em exatos dois semestres já trabalhava na área. Como assessor de imprensa, com apenas 21 anos, de um clube de futebol da cidade. Depois disso não parei mais. Aprendi a verdade sobre a profissão na marra dentro de uma redação de um jornal. Ali criei amor pela escrita, pela investigação e pelo dinamismo do jornalismo. Descobri tudo na prática dispensando a teoria. Assim me formei um profissional.
  Conheci grandes jornalistas. Figuras que defendem com honestidade, qualidade e ética uma profissão muitas vezes miserável. Tive o também o desprazer de conhecer pessoas que vestem a capa do lado negro da força. Essas, de certa forma, me ajudaram e acrescentaram muito na minha carreira. Me mostraram justamente por onde a banda toca e que algumas músicas jamais agradaram os meus ouvidos. 
  Hoje, afastado há quase seis anos desta profissão, sinto saudades de muitas coisas. De outras, nem tanto. Havia prometido a mim mesmo que não escreveria ou comentaria sobre a tragédia ocorrida neste final de semana em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Por vontade própria e respeito. Acompanhei quase todos os noticiários. Li jornais. Mais uma vez me perguntei e me questionei sobre o posicionamento da mídia brasileira em certas situações. Até que ponto matérias abusam do sensacionalismo ao invés de informar a verdade com seriedade e de forma objetiva? Senti nojo de diversos repórteres. Me peguei sensibilizado por ver essas pessoas virando personagens de um reality trágico promovido por grandes veículos de comunicação. Fechei meus olhos e tampei os ouvidos. Preferi a omissão da informação. Infelizmente.
  Dia 29 de janeiro, descobri ser o dia do jornalista. Dia no qual deveria comemorar com alegria, afinal faço parte desta festa. Não. Hoje não faço alarde e grito ao mundo sobre o "meu dia". Tampouco vou condenar uma classe inteira, até porque, já fiz e me considero parte da mesma. Conheço meus valores como um profissional e reconheço os guerreiros do bem desta linda profissão. Por hora, não comemoro e não vou me orgulhar. O amor não acaba, mas de vez em quando se enfraquece. Assim como uma planta sem água. Esquecida; torna-se triste, murcha e não mais cresce.







quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Seres românticos

  Os seres românticos são quase mitológicos. Talvez por existirem há milhões e milhões de anos. Exercem uma força ainda inexplicável sobre a terra. São artistas da imaginação, dos sonhos e da fantasia dentro do campo que os cercam. Levam consigo um ar misterioso, atrativo e ao mesmo tempo repulsivo.
  Na grande maioria das vezes, são possuidores de um estado de espírito diferenciado. Enxergam o mundo com olhar dos anjos e demônios. Assim conduzem a vida e seu precioso tempo. Cantarolando estrofes inaudíveis para alguns. Marcham quase sempre no sentindo da felicidade. O dom é natural e nunca forçado. Talvez um fardo. Como na vida de um vampiro; o carma. A paixão vira fome e o amor torna-se o único alimento. Bases imprescindíveis como o ar que respiram.
  Para esses seres a dor torna-se arte. Essa mesma deve ser criada e recriada por diversas vezes. Como uma tela em branco que recebe camadas e camadas de tintas. Cada qual com suas linhas e pigmentações diferenciadas. Como uma máquina, o sofrimento é o combustível. A solidão um estado passageiro. A saudade um desafio. 
  São seres abençoados, pois amam por opção e nunca por obrigação. Ignorá-los é uma escolha. Conquistá-los? Um triunfo! Esquecê-los é melancólico - um jeito romântico de ficar triste...  



terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Paixão à primeira vista

  A magia da música é arrasadora quando nos pega de jeito. Assim como uma droga devastadora nos consume de forma voraz. A ausência da mesma nos causa forte necessidade do uso. Essa semana, por indicação de uma amiga, conheci o trabalho da cantora Asa (Asha - pronuncia). Paixão "platô-musical" à primeira vista.
  Filha de nigerianos, a artista nasceu na França. Leves batidas, voz aguda, melodias simples e marcantes. Com apenas dois anos retornou ao país de origem de seus pais. Ainda nova, ingressou na escola de música Corona - uma das mais renomadas da Nigéria. Impressionantemente foi rejeitada em diversos cursos de corais. Antes dos vinte anos voltou para a França e lá iniciou sua carreira musical. 
  Um desses achados prazerosos. Uma indicação que faço de olhos totalmente vendados.


                                                                     


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Entre plumas e cacos

Andei descalço num céu de cacos
Entre plumas e nuvens caminhei a esmo 
Gritei por Deus a direção do paraíso
A placa borrada não me dizia nada
Num breve toque levou-me para casa
Por que?
Aqui vivo em paz
Ao sair lembre-se de trancar a porta
Só volte mediante convite nato;
Presente bem embrulhado
Um vinho tarja preta
E um coração renovado
 


quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

"Minhas Férias"

  Hoje quando comecei a escrever lembrei dos meus tempos de escola. Os famosos textinhos "Minhas Férias". Quem nunca escreveu um ou teve que contar na frente de toda a sala?! Lógico, éramos pequenos e isso tudo servia como um ato de aproximação social dos alunos. Ahh!! Que nada!! Era realmente muita falta de criatividade. É meio que "não preparei aula alguma. Os pestinhas escrevem e depois começo o planejamento letivo". De qualquer maneira era sempre divertido. A sensação de reencontrar os amigos de colégio era indescritível.  
  Não tive muitas oportunidades para escrever, apesar dos mais vastos campos para temas de textos vivenciados nesses últimos dias. Foi uma turnê intensa, curta e muito proveitosa. No total, oito shows em onze dias. Passamos pelo Rio e Bahia. Cada um com sua particularidade, energia e ambientes. Apesar da banda ser a mesma o tempo todo vivemos experiências diferentes em cada apresentação. Entre nós, foi incontestável: Todos muito marcantes.  
  Nesse tempo, pude reencontrar pessoas queridas que já faziam falta na minha vida. Viver paixões curtas de um verão curtíssimo, conhecer novas pessoas que ficaram marcadas por pequenas ações e/ou contribuições muito ligeiras. Cada qual com sua importância. Mesmo que de passagem em cada lugar que estive me sentia local. Respirava o mesmo ar. Caminhava pelo mesmo chão. Assim construí mais um ciclo da minha bagagem mundana e lembrei como é bom viajar, conhecer novos lugares e viver novas experiências. Com certas obrigações, mas completamente livre para ir, ficar, dormir, comer, sorrir, pular, gastar ou gritar. 
  Volto realizado por ter fechado mais um ano e começado outro de uma maneira bastante especial. Já em casa, ainda que sentindo bastante falta do mar, tenho mais vontade de vencer e sem medo algum de perder. Assim como nos meus antigos textos escolares tenho como conclusão final um começo de ano muito leve, honesto e de bem comigo mesmo. E que assim seja!   







terça-feira, 1 de janeiro de 2013

Essa pica é sua 013



  Seja bem vindo. Pode passar. Ainda um pouco perdido, né? Fica tranqüilo. O caminho você acha. Terás tempo para se acostumar. Só não enrola muito. O mesmo passa rápido. Seu período de atividade é relativamente curto. Muitos vão lhe saudar e até mesmo reverenciar. É seu primeiro dia. Pode gozar! Não sei como funciona por lá, mas aqui é Brasil entende? Até depois do carnaval é só alegria, brinde, elogios e diversão. Ninguém percebe muita coisa. Só não deita e rola né irmão?! Aqui tem CPI. Gosta de pizza? Comparações. Em breve vão começar. Normal. Quanto a isso não se preocupe também. Sua obrigação não é ser melhor ou pior. Apesar de que todos vão querer que você faça o melhor e mais exuberante trabalho da sua ligeira existência. Você pode ficar marcado. Isso faz parte do seu rala. Receba pedidos, lamentações e agradecimentos da mesma maneira. Isso vai se repetir diversas vezes. Diversas mesmo. Não se espante com as mudanças climáticas. Elas são normais por aqui. O verão é na primavera. Quando faz frio é seco pra caramba. Uma loucura só. É aquela história. Chega no sapato. Sem causar estardalhaço. Tudo vira numa boa. Conquistar o pessoal por aqui é fácil. O povo é sofrido, mas é feliz. Não tira demais nem dá tanto assim. O resto, a rapaziada corre atrás. Sempre foi assim. Agora, é claro que se sobrar um agrado o contentamento é generalizado. Não precisa nem falar, né? Aos poucos você pega a manha. Te desejo sorte e competência. Fica a dica: "Venha de passagem, mas não venha a passeio". No mais é isso. Hora de trabalhar. Agora assume o ano porque "essa pica é sua 2013".