sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

Viva a democratização virtual


O Ministério do Meio Ambiente informa: Nenhum animal foi maltratado para a criação deste texto. Nem mesmo o próprio autor. 

  Acho o Facebook incrível. Toda comunicação gerada, a aproximação quase real e os indivíduos que agregam e convivem praticamente em paz dentro dessa colméia virtual. Esses dias me peguei tendo uma discussão bastante relevante sobre a mesma. Vários foram os questionamentos, mas uma coisa foi unânime entre os engenheiros: A rede social tem o seu valor e importância. 
  Muitos passaram a reclamar da invasão de internautas no Facebook. A tal massificação gerou um certo incômodo na classe atuante, inteligente e mais pensante da rede. É certo que a popularidade da ferramenta cresceu muito. De qualquer maneira, acho fascinante esse aumento. Com o mínimo de esperteza é fácil lidar com algumas situações. Cancelar atualizações do usuário? Não antes coletar algumas pérolas bastante interessantes. 
  Num momento de desespero, último aviso e ligeira falta de atenção a figura alerta: "O geito vai ser este". Ok! Se é assim que seja. Vindo da elite, uma informação muito válida aos marombeiros de plantão que fazem conexão Brasília-São Paulo: "Malhar em SP é 10x melhor que em Brasília". Algumas mensagens tornam-se muito utilitárias, tais como previsão do tempo, engarrafamento, momento político no Brasil e divulgação de eventos. Nada melhor do que receber o seguinte convite: "Cássio & Cleitinho na cidade. Num lugar privilegiado, secreto e TOP". Declarações de amor - um tanto quanto confusas - também fazem parte desse cotidiano, "Agente se amam. Todos deverão amar os outros assim como nos amamos a si mesmos".
  Todos assumem uma postura virtual e não podemos fugir disso. É como se fossemos um livro aberto pronto para leitura e interpretação. Lá postamos o que bem entendemos - ou nem tanto assim. Ao mesmo tempo é possível separar informações válidas, filtrar o besteirol e acima de tudo se divertir bastante lendo de quase tudo por aí. Numa conclusão basicamente real eu assumo que sou a favor e valorizo a democratização virtual!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2012

Se quero mais?!


  Vi mais um ano passar. Logo ali vejo um novo chegar. Apesar de me tremer todo nessas viradas gosto de pensar sobre o que passou e o que realizei. As promessas para se cumprir nos próximos 365 dias. As mesmas que fazemos há anos e nunca cumprimos. Todo aquele flashback que nos cerca durante essa época. 
  Como todos os outros esse também não foi igual a nenhum. Vi pessoas chegarem na minha vida. Vi outras se anularem. Tive gratas surpresas e enormes frustrações. Fiz novas amizades. Descobri que gosto mais de quem eu sou. Reafirmei o ódio que tenho por falsidade. Conheci pessoas generosas. Cantaram minhas músicas. Ganhei dinheiro, gastei dinheiro e tive dois bichos de pé. Sonhei com Deus e senti o Diabo me tentar. Chorei por amigos e ri com os mesmos. Cantei Cazuza e vi que ele tem razão: A burguesia fede. Dei mais valor a união verdadeira. Tive vontade de xingar. Tomei belos porres e no dia seguinte me arrependi de quase todos. Conheci o Topo do Mundo. Pedi perdão. Vi minha afiliada completar quinze anos e tive que aceitar. Li seis livros e meio. Fiz mais esporte. Ganhei um anjo em forma de cachorro. Gastei mais gasolina do que o necessário. Dormi mais que o normal. Perdi duas unhas. Tive mais de dez óculos durante o ano e só me restou um. Tirei várias fotos. O medo quase me venceu. Redescobri minha liberdade. Pensei em ir a um psicólogo, mas voltei a escrever. Me apaixonei que nem um adolescente. Conheci o Teatro Nacional de outra maneira. Tive uma amigdalite pesada.  Me alimentei melhor. Voltei a odiar política. Pensei mais no mar do que de costume. Ouvi muita música, muita mesmo. Tive razão. Andei de jegue. Gravei um DVD. Desejei mais calor que frio. Comprei roupas novas. Vivi a noite intensamente e aprendi demais com ela. Escutei mais do que falei ou foi o contrário. Aprendi a me entregar e descobri que isso pode ser um erro. Completei vinte e nove anos e me achei um garoto. Vi que a cada ano que passa muita coisa acontece, várias se repetem, novas surpreendem e o que muda é a maneira como enxergamos tudo. 
  Me sinto preparado para encerrar esses doze meses. Olhar para trás e enterrar algumas coisas, transformar outras em belas lembranças, dar continuidade no que está certo e abrir o peito para o novo e desconhecido. Se isso tudo é viver eu quero mais é viver mais e mais. 
Felicidades!  










segunda-feira, 17 de dezembro de 2012

Olé, Ellen!

  Cheguei a pensar numa possível mesa arranjada, uma mala preta daqui um agrado dali. Uma pelada marcada com a bancada toda comprada. Coisa de empresário engravatado cheio de interesse sabe? Veja só, no país do carnaval e futebol até final de "The Voice" a gente desconfia. Ufa! Ainda bem que não né rede Globo! O que vimos foi um baile de preparo, vontade de vencer, luz e muito dom. Foi tipo goleada incontestável. O time de lá não viu a cor da bola. O nosso orgulho musical de uma capital cheia de artistas que se espalham entre o concreto e o poder está de volta. Hoje, atende pelo nome Ellen Oléria. 
  A brasiliense é daquelas que chama a atenção de longe. Muitos diziam que era questão de tempo. Talvez. Mas quanto tempo? Fato é que ela precisava aparecer. Só um pouquinho. Um ligeiro empurrão e mais nada. Mostrar para outras pessoas, até mesmo de Brasília que nunca tinham ouvido falar nela, esse brilho e força ao cantar. Só que esse pouco não era o bastante. Ela foi em frente. Passou por cima de quem veio e mandou o recado. Passeou por músicas de Jorge Ben, Milton Nascimento e Lenine. Sempre do jeito Oléria de ser. Sem copiar, querer parecer alguém ou embarcar em algo que outros achariam ser o mais certo. Como você mesmo diz: "A minha voz transcende a minha envergadura. Conhece a carne fraca? Eu sou do tipo carne dura". Autêntica. Assim ela foi a todo momento. Assim espero que continue por muito mais tempo.
  Alô, alô, som tessssssssssssssssste... Um, dois, três: Testada e aprovada!

     

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Simples Assim

  Gosto de referências. Em uma percepção tão simples Érico Veríssimo disse: "Felicidade é a certeza de que a nossa vida não está se passando inutilmente". Todos querem ser feliz de alguma maneira e às vezes a qualquer preço. O estado de satisfação, prazer e ânimo são passageiros. A velocidade do mundo atrapalha um pouco a durabilidade destas sensações. Como numa montanha russa vivemos os altos e baixos dentro da nossa própria linha do tempo.
  Sei o que é estar feliz e contente. Sei também o que é achar que tudo está errado e perder as forças para levantar. Já vivi também uma vida de emoções retilíneas. Essa inércia é, sem dúvidas, a mais irritante. É óbvio que prefiro o sorriso, o gozo e o ânimo, mas sei da importância e valor de uma lágrima cheia de dor e tristeza. Questões que aprendemos com o passar dos anos.
  Há certo tempo sinto que a felicidade invadiu meu corpo e alma. Como num primeiro raio de luz que chega sem pedir licença e invade nosso mundo nos alimentando somente com o que que há de melhor. Rir sem ter motivo é descobrir literalmente o verdadeiro e melhor remédio que há no universo. Usufruir se torna o verbo da vez. E assim, sem medo de perder ou modificar tal momento, fazemos o tempo frear sua velocidade feroz.
  Mais um ano se acaba. Mais uma página que viramos. Momento em que devemos exercitar a mente para uma reflexão do que passou, do que fizemos, como agimos e escolhas que realizamos. Vejo mais uma vez que tudo tem motivo e razão. A vida brinca e nos brinda com uma música para bailarmos sob regência de suas notas e melodias. Feliz, danço como um pé de valsa tudo o que ela toca. Sem pisões sinto que a inutilidade passa bem longe de mim. Simples assim, Veríssimo.            

segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Escritório na Praia

  Nunca esbarrei com o Lula numa esquina movimentada de Brasília. Não tenho nenhum familiar na política. Meu verdadeiro ciclo de amigos não conta com nenhum Deputado, Vereador e etc...  Conheço poetas, arquitetos, músicos, sociólogos, artistas plásticos, professores, DJs, advogados, fotógrafos, chefes de cozinha e por aí vai. 
  A política está totalmente ligada à nós. Claro! Moramos na capital e alojamos o poder aqui. Considero-me um cidadão politizado e devo isso à minha cidade e ao meu interesse em estar ligado a determinados assuntos. Em quase três décadas de Brasília já ouvi muito. Opiniões inteligentes, ausentes, relevantes e outras nem tanto. Desde que me conheço por gente artistas vem à capital e abordam sempre dois assuntos: O rock e a política. É repetitivo e dependendo de que boca saia pode ser até vergonhoso.  
  Talvez se a classe de artistas fosse ainda mais interessada alguns exemplos poderiam ser seguidos. Venho acompanhando textos e ações do vocalista Tico Santa Cruz, do Detonautas. Formado em Ciências Políticas, pela UFRJ, suas idéias ganham meu respeito. Apesar de polemicas são defendidas com inteligência. E assim deve ser.
  Nossa cidade não é mais nenhuma garotinha para ser sempre lembrada apenas por casos de corrupção. Aqui já temos a formação de um laço cultural crescente e basta ter um pouco de curiosidade para descobri-la. Não tiro nosso corpo fora e sei também que temos que ser o exemplo de um país. Ao mesmo tempo, não me calo ao ouvir besteiras "choradas" num microfone para quase quatro mil adolescentes. Não é por aí. O interesse pode substituir a tal "falta de conhecimento". No seu caso, se até hoje não houve vontade de aprender, consequentemente carrega consigo uma ignorância de causa, e o melhor a fazer é continuar mesmo com seu escritório na praia.      


   

terça-feira, 27 de novembro de 2012

Eu preciso aprender a só ser

Sabe, gente 
É tanta coisa pra gente sabe
O que cantar, como andar, onde ir
O que dizer, o que calar, a quem querer
Sabe, gente
É tanta coisa que eu fico sem jeito
Sou eu sozinho e esse nó no peito
Já desfeito em lágrimas que eu luto pra esconder
Sabe, gente
Eu sei que no fundo o problema é só da gente
E só do coração dizer não, quando a mente
Tenta nos levar pra casa do sofrer
E quando escutar um samba-canção
Assim como: "Eu preciso aprender a ser só"
Reagir e ouvir o coração responder: "Eu preciso aprender a só ser". 

(Gilberto Gil)

domingo, 25 de novembro de 2012

Ponto Final

  Certa vez Neruda disse: "Escrever é fácil. Você começa com uma letra maiúscula e termina com um ponto final. No meio você coloca idéias". Dos sinais de pontuação da nossa querida língua portuguesa sempre me identifiquei mais com o ponto final.
  Sou apreciador do silêncio e da pausa absoluta que só ele tem o poder de causar. Da transformação do tom da voz em uma melodia descendente. Sem falar da sua força máxima capaz de provocar medo em qualquer vírgula ou acentuação que apareça pelo período. Mesmo diante de uma deliciosa leitura, daquelas que não desejamos um fim do deguste, ele aparece e nas sequências das palavras sentencia: Fim. Com imponência e postura ditatorial.  
  Apesar da autoritariedade nata ainda sim desperto simpatia pelo nobre sinal. Uma mudança de pensamento, estímulo e comportamento geralmente dão continuidade a estes finais. O novo! Isso me traz curiosidade,  vontade e muita sede de saber o que vem depois. Mesmo que, de forma metafórica, a página seguinte ainda esteja totalmente em branco e precisando de um novo ponto final.

quinta-feira, 22 de novembro de 2012

Dia "M"


  Existem determinados dias que são reservados para homenagear algum profissional. O professor, dentista, advogado, a secretária e por aí vai. Ou até mesmo o dia cravado pelo comércio para se dar mais valor ($$) às crianças, namoradas e etc. Hoje, dia 22 de novembro, é o dia do músico. Um dia não muito expressivo nos calendários, para as lojas ou até mesmo digno de um feriado. Mesmo assim é o dia do músico. O dia em que podemos reconhecê-la como profissão. Enxergá-la realmente como uma opção de vida.  Uma escolha, um motivo de orgulho e pronto.
  Viver de arte no Brasil é missão para verdadeiros guerreiros. E eles existem. Nestes anos que me dedico à ela tive o prazer de encontrar pessoas que entregaram suas vidas por uma escolha louvável. Músicos que tenho admiração, amizade e que me espelho para seguir neste sonho tão real e palpável. 
  O que seria do mundo hoje sem música e todo o prazer que só ela nos proporciona? Com certeza um lugar mais infeliz, menos pensante e verdadeiramente silencioso. 
  Um viva aos profissionais, amadores, músicos de boteco, de roda de amigos, aos desafinados, gênios, fanfarrões e futuros artistas. Parabéns à todos vocês!


     

terça-feira, 20 de novembro de 2012

A peça

"A vida é uma peça de teatro que não ensaios. Por isso cante, chore, dance, ria e viva intensamente antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos". (C.C.)

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Rumo à SP


  Foram quase dois meses de preparo. Entre decisões, idéias, ensaios e arranjos começou a nascer o nosso primeiro DVD Acústico Surf Sessions. Mais um filho para agregar a família. Nesta próxima quinta-feira, dia 15, embarcaremos para São Paulo e lá faremos dois dias de gravação. Sob a batuta do produtor Luiz Carlos Maluly e no renomado estúdio NaCena. Uma experiência nova para nós. Bate aquele friozinho na barriga, mas nada que não seja com prazer e, acima de tudo, sempre com muita diversão.
  No total, serão quatorze músicas sendo elas cinco inéditas e quatro versões. O restante são canções do "Corre Pro Mar", com diferentes roupagens. A cobrança por novas composições era bem grande e nossa vontade de lançar algo novo também. Veio tudo no seu tempo certo. Hoje, sinto uma clara maturidade da banda para entrar em estúdio e gravar ao vivo e nesse formato.
  Então que venha logo esse desafio que é trabalhar com música. Que coisa boa! Hoje teremos nosso penúltimo ensaio e já já partiu Sampa!
Surfinahouse...  

terça-feira, 6 de novembro de 2012

Nádegas a "Lee" declarar


  A gosto ou contra gosto o rei Roberto Carlos recebeu seu trono na história da música brasileira. Nossa rainha deveria ser coroada imediatamente. Sem pausa para pensamentos, contestações ou votação. Ela atende pelo nome Rita Lee Jones Carvalho, ou apenas Rita Lee. Se dados são necessários para a escolha aí vão alguns da Ovelha Negra: Vendeu mais de 65 milhões de cópias, a cantora que mais vendeu na história da música no país, foi premiada com mais de trinta discos de platina, dez discos de ouro, cinco de diamante, quase cinquenta anos de carreita e por aí vai.
  A artista paulista faz peso numa história totalmente contextualizada por uma carreira imponente e marcante. O início conturbado numa fase Mutante até a consagração nacional com gosto de Tutti Frutti. Os anos oitenta e noventa consagraram a roqueira que só nestas duas décadas gravou onze discos ao lado do eterno parceiro Roberto de Carvalho. 
  Neste domingo, Rita esteve em Brasília. Que ironia. Tocou no "Green Move" Festival. Uma iniciativa em prol da sustentabilidade e preservação - regado a muita cerveja e lixo, claro. Pelo seu twitter iniciou os trabalhos logo cedo: "Dilminha minha filha, vista sua roqueira e vá se encontrar comigo no quintal da sua casa, hoje às 18 horas. Ordens superiores", disse. 
  As sucessões de clássicos musicais foram interrompidas por um ato nobre vindo diretamente de nossa corte real. O Eixo Monumental tomado por pessoas. Ao redor todos os Ministérios que observavam do alto de seus concretos inabaláveis. Eis que surge uma bunda. Apenas uma bunda branca. Um gesto de uma roqueira, mãe, artista. Essa que muito já passou e hoje brinca com o que levamos ou achamos tão sério. "Sr. Diretor, não sou apenas mais uma bundinha linda, eu também sei representar", concluiu Lee.
   Mais uma vez a rainha surpreendeu. Dessa vez não foi xingando policiais. Foi um ato silencioso, de uma vovó moleca e só. Muitos devem ter achado nojento, desrespeitoso e ultrajante. Outros, apenas um ato de rebeldia e ironia. Fato é que Rita Lee pode e deve fazer quantas vezes achar necessário. Essa liberdade talvez seja a melhor forma de valorizarmos nossos verdadeiros ícones. Ou alguém prefere ver um bundão "Lee-Lee" do Luan Santana, no show da virada, em plena Praça dos Três Poderes? 
  Pois então. Nádegas a "Lee" declarar...        


quinta-feira, 1 de novembro de 2012

Fulano, Beltrano ou Cicrano?

  "Mim quer tocar, mim gosta ganhar dinheiro...". Essa música é uma ironia às nossas necessidades. Lembro quando saía com apenas dez reais de casa, conseguia ir ao cinema e comer uma promoção do Big. Nessa mesma época minhas preocupações também eram outras. Pensava nas provas do bimestre, no campeonato de futebol escolar, na festinha ao som de "Top Surprise e Rap Parade" do final de semana... 
  Os anos passam e o peso da responsabilidade só aumenta. Ao mesmo tempo e cá pra nós, não tem nada melhor e saboroso que ganhar nosso primeiro salário. Lembro daquela sensação de alegria reprimida na fila do RH. Aquele "faz-me-rir" dentro de um envelope que você mal sabia o que fazer. Resultado: Rasga tudo sem dó!
  Me chama atenção quando, em algum clique mundano, me pego totalmente direcionado à busca do financeiro. Até nosso tempo tornou-se capitalista e atrasá-lo pode custar muito caro! Piscou, gastou. Quero? Compra! Preciso? Então abra o bolso, oras! A vida se torna uma corrida sem fim, porém cheia de prazos, ajustes, créditos e juros. É um tal de rebola daqui, paga dali, acerta aculá... E ufa! O mês acabou e conseguimos nos livrar de tudo. Só que o próximo mês já vem numa montanha russa danada. 
  Para muitos a premissa de que o dinheiro traz felicidade é verdadeira e ponto final. Para outros, o dinheiro é um mal necessário, um mal do ser humano. Fato é que indubitavelmente temos que correr atrás dele.  Felizmente ou infelizmente.
  Esses dias, numa dessas boas rodas regada à muita prosa construtiva e café, eis que surge uma pergunta simples de um amigo bastante questionador. As reações foram claras. Fulano pensou por alguns segundos e sem titubear repondeu. Beltrano, um pouco mais demorado e ressabiado, reagiu. Cicrano, com um pé recuado, permaneceu mudo o resto da noite. 
  Se o dinheiro não existisse no mundo qual seria o seu trabalho hoje? 

terça-feira, 30 de outubro de 2012

Viva! Com Música.


 Esse foi um fim de semana marcante. Daqueles que a gente sempre vai se lembrar em rodas de conversas. Literalmente regado à muita música e muita energia boa. No sábado, a banda Surf Sessions esteve no 9º Campeonato Brasileiro de Wake Surfe, promovido pela Mormaii, em Brasília. Subimos no palco com uma única missão: Se divertir. Esse é o típico show que a banda sabe e gosta de fazer. Sem repertório, sem tempo para executar o show e livre pra fazer o que bem entende. O resultado foi uma apresentação de três horas de duração pra um público altamente disposto e feliz por estar ali. 
  No domingo, pé na estrada! Estivemos em Goiânia e mais uma vez só alegria. A Royal Clube nos recebeu com a festa "Havaianas" e por lá também só felicidade. Contamos com a participação do amigo Marceleza, vocalista da banda Maskavo. No começo do show uma certa dúvida pairava no ar. O que esses caras vão fazer? Talvez nada parecido com o que fazemos tenha passado por lá. Com tempo a entrega foi nítida e a energia da banda contagiou a todos que estavam presentes. Mais uma pra constar no nosso cartel de feitos realizados.
  Resumo em suma. Viver esse sonho já tornou-se real. E como é bom, nossa! Levar nossa alegria e ver a mesma contagiar pessoas que nunca vimos na vida é uma prazer sem igual. Esse é o sentido de fazer a música se propagar verdadeiramente. O resto torna-se conseqüência de um fruto que vem de um esforço que acontece no nosso dia a dia. 
  O lema continua: Viva! Com música. 

sábado, 27 de outubro de 2012

Se

"Poeme-se
Leminski-se
Drummonde-se
E que o mundo
Quintane-se
Musique-se
Buarque-se
Lenine-se
E que o mundo Caetane-se...",

(Vânia Jordão)

sexta-feira, 26 de outubro de 2012

Flores do Mal

"A mesma mão que acaricia
Fere e sai furtiva 
Faz do amor uma história triste 
O bem que você me fez nunca foi real 
Da semente mais rica
Nasceram flores do mal..."
(R.F)

terça-feira, 16 de outubro de 2012

O que deseja tomar?


Ela se encostou ao balcão e preferiu chorar. A bebida não mais mascarava suas mágoas. Escondidas por trás de uma bela maquiagem por hora borrada. Do outro lado, as mãos molhadas dos copos sujos de uma madrugada inteira. Era só ouvidos e assim acostumou-se há tempos. Não consta diploma, apenas experiência e bagagem. Uma simples pergunta e abre-se a brecha para o início de um diálogo: 
- O que deseja tomar? Pergunta o sóbrio garçom. 
- Eu matei um amor. Emenda a bela sem o menor pudor. 
- Com toda certeza, frieza e cálculo desse mundo. Matei sem chance de respiro ou reação. Fiz por achar certo, mas sofro, sofro todos os segundos da minha vida.  
Com o olhar fixo no último copo sujo com resquícios de vodca e maracujá o mesmo sentencia sua opinião.
- Não houve assassinato querida. Houve sim um parto natural para um renascimento. Pense assim. Você jamais será uma criminosa e sim uma libertária, uma fonte de vida. Completou o sábio lavador de louças.  
Como uma estátua embasbacada a mesma tomou o resto d´água e levantou-se. Ligeiramente babada e completamente descabelada permitiu que sua última lágrima descesse e caminhasse até o fim do seu rosto. Foi o símbolo da aceitação imediata misturada ao medo da verdadeira perda.  Recuando de costas em direção a saída parou pela última vez olhando fixamente  ao seu confissionário. A sensação de alívio dominava um ambiente antes tomado por toneladas de peso. A réu estava livre de todas suas acusações enquanto a vítima passava a gozar dos bens da ressurreição em liberdade plena. 
Ainda do outro lado do balcão o sábio servidor viu sua cliente deixar o local com suavidade e certa mudança. Com total indiferença de quem pouco se preocupa com o resultado pensou: "As nossas ações podem ser mascaradas e o que por um tempo foi dor torna-se felicidade. Jamais existirá escuridão sem luz, morte sem vida". 
Ao desviar seu olhar da pia quase limpa para o balcão de pedidos se deparou com uma nova angústia sentada à sua frente. 
- O que deseja tomar? Perguntou.      

terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um ideal de rock setecentista

  Não tinha intenção nenhuma de escrever hoje. O dia mal começou e a vontade de ganhar o mundo já me rondava por horas. Freio. O momento é mais vagaroso e sábio do que acelerado e estúpido. O legal é exatamente isso. Quando somos pegos de surpresa e essa vontade de se expressar vem do nada. Li uma passagem de um livro que me trouxe interpretações ambíguas. Estilo de vida, personalidade, caráter, impulso, instinto, ordem, escolhas, máscaras, erros, possibilidades e etc... 
  Dependendo de como levamos os passos de nossas vidas transformamos a mesma numa novela e fazemos de nós personagens surreais. Não confundo mais atitude com devaneio, medo com verdade, decisão com imposição e leveza com fuga. Não troco mais o meu "eu" por roteiros fantasiosos de Janete Clair. Por isso, ao ler o parágrafo do texto parei e li novamente com mais calma. Vi a duplicidade estampada em algo que pode parecer, em primeiro plano, um ideal de rock setecentista. Não se engane! É impossível fugir de você mesmo. Pode haver esforço, tentativas e até mesmo esperneios, mas não confunda aventura temporal com essência verdadeira. Essa sempre retorna e vem à tona. É a lei natural da nossa própria natureza. 

  Passagem do texto: "Pessoas com vida interessantes não tem fricotes. Elas trocam de cidades. Investem em projetos sem garantia. Investem em pessoas que são o oposto delas. Pedem demissão sem ter outro emprego à vista. Aceitam um convite para fazer o que nunca fizeram. Estão dispostas a mudar de cor preferida, de prato predileto. Começam do zero inúmeras vezes. Não se assustam com a passagem do tempo. Sobem no palco, tosam o cabelo, fazem loucuras por amor, compram passagens só de ida. Para os rotuladores de plantão, um bando de inconseqüentes. Ou artistas, o que dá no mesmo ..."

segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Saci de duas pernas


  Um assunto curioso chamou bastante atenção essa última semana pelo Brasil. Por incrível que pareça, pelo menos pra mim, não foram as eleições. Apesar de não morar em Fernando de Noronha (PE), sou de Brasília e fiquei livre do estupro das urnas. Entretanto, mais um livro do escritor Monteiro Lobato virou alvo da perseguição da censura (?!) por motivos raciais. Exatamente. A exemplo do que já fizera com Caçadas de Pedrinho, o Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara) quer banir das escolas públicas o livro Negrinha, lançado em 1920. 
  Realmente, em épocas de "Dar uma fugidinha com você", Monteiro Lobato e suas obras encontram-se totalmente sem espaço, proteção e prestígio. Nosso tesouro cultural corre o risco de acabar no abandono ou substituída pela fantástica Galinha Pintadinha. Interessante foi a frase do pesquisador de literatura infanto-juvenil e co-autor do livro Monteiro Lobato Livro a Livro: "Trata-se do analfabetismo histórico".
  De uma forma bem autêntica o colunista Severino Francisco, Crônicas da Cidade, do Correio Braziliense, reformulou no seu texto algumas passagens dos personagens do Sítio do Pica Pau Amarelo - nome esse bastante sugestivo para a censura pornográfica, não? Imaginem só, Tia Anastácia, uma afrodescendente da melhor idade, responsável pelos quitutes culinários da  grande fazenda. O saci Pererê, ex-diabinho, de uma perna só. Para se adequar ao "politicamente correto", fez uma prótese e virou um Saci de duas pernas - afinal, em terra de Saci calça jeans vestiam dois. Hoje, usa uma caneca com canudos e bolinhas de sabão ao invés de seu cachimbo, pois ele estaria incentivando crianças ao uso do crack. Em épocas de preservação do jacaré do papo-amarelo, a caça à bruxa Cuca está proibida, por tempo indeterminado, dentro do Sítio. E por aí vai crianças...
  Numa segunda-feira pós ressaca eleitoral fica mais fácil mesmo censurar o pobre do Sítio e suas aventuras. Parafraseando o "Pensador": "Aqui no mundo o negócio tá feio. Tá todo mundo feito cego em tiroteio. Olhando pro alto e procurando a salvação ou pelo menos uma orientação. Você já tá perto de Deus Astronauta! Então me promete que pergunta prá ele as respostas de todas as perguntas e me manda pela internet..."

quinta-feira, 4 de outubro de 2012

Sonho que vira realidade

  Desde novo via aquela imensidão de obras e achava tudo muito distante de mim. Ainda não podia escolher o que ver, os encontros eram pré-agendado e determinado pelo colégio. Coisa de moleque. Quando fiquei mais velho nossa relação melhorou bastante e meu desejo só crescia, crescia e crescia. Aquele palco era algo que extrapolava as leis da sedução. Tocá-lo seria incrível. Uma energia que cura e renova.  Eu sabia disso!
  Ontem, pude realizar um dos meus sonhos como músico, compositor, brasiliense e ser humano. Subi ao palco da Sala Villa Lobos, do Teatro Nacional, com a banda Surf Sessions. Os cinqüenta minutos foram mágicos e realmente a vontade do quero mais ficou na boca. Nada que não fosse suficiente para observar tudo com muito detalhe. Cada faixa de luz, a acústica perfeita e nosso fiel público, que mais uma vez se fez presente. 
  Um flashback ligeiro passou pela cabeça segundos antes de entrar naquele palco. Todas as barreiras, os desafios, os questionamentos, as dúvidas, os receios. Tudo virou nada pois aquilo já era sinônimo de vitória e realização. Ouvi de uma amiga especial que ela, ao entrar no Teatro, nos viu lá de cima e se emocionou muito. Eu queria estar naqueles olhos no exato momento. Sei que sentiria o mesmo.
  No dia do show, como se fosse por brincadeira, acordei com minha amígdala esquerda do tamanho de um tomate bombado do Taiti.  Passei horas à base de remédios, gargarejos e afins. Estava realmente decidido por não cantar - somos abençoados com quatro vocais na banda. Na hora do show foi impossível. Aquela vontade veio de dentro e pelo menos uma música tinha que sair e realmente saiu. Da maneira mais natural possível. 
  No dia seguinte amanheci no pronto socorro de um hospital perto aqui de casa. Está tudo bem. Corticóide na veia, novalgina e outros "inas" pra dentro. Uma semana com antibióticos e antiinflamatórios. Quer saber de uma coisa? Como valeu a pena. Não vivi um sonho. Ontem, vivi minha realidade. Minha verdade que me faz feliz como pessoa. Isso vale a pena. E como vale.
  Aquela Sala não está mais tão distante, mas que um repeteco seria bom demais, ahhhhh isso seria!!    

terça-feira, 2 de outubro de 2012

Welcome to Brazil

  Um bate papo com o amigo DJ Maffra e chegou ao meu conhecimento um projeto que acontece a aproximadamente um ano no Rio de Janeiro. O curta "Domínio Público" basicamente aborda escândalos envolvendo especulações imobiliárias, desvio de verba pública e favorecimento a empreiteiros. Todo esse motim gira em torno da expectativa de dois grandes eventos que acontecem daqui há dois e quatro anos, respectivamente: a Copa do Mundo e as Olimpíadas.
  Para os amantes do esporte ter a oportunidade de respirar uma Copa do Mundo ou até mesmo uma Olimpíada, dentro de casa, é realmente um acontecimento único na vida. Sendo mais realista, até que preço pagaremos para essas realizações? Acredito que o maior questionamento nem mesmo seja esse. Quais são as verdadeiras heranças e/ou legados sociais deixados por eventos dessa magnitude?
  Para o vereador e delegado dos jogos de Barcelona, em 1992, Jordí Martín, o evento não pode vir e ir embora sem deixar suas raízes. "Ele deve ser uma desculpa para induzir o desenvolvimento e isso só é possível se soubermos para onde queremos ir. É indispensável pensar no futuro do território”, ressaltou Martín.
  A produção do curta "Domínio Público" percorreu as comunidades do Vidigal, Vila Autódromo, Providência, toda a Zona Portuária do Rio de Janeiro e foi observado que pessoas estão sendo despejadas ilegalmente de suas residências, deslocadas para outras comunidades sem nenhuma infraestrutura e dominadas por milícias. Em suas casas, áreas de forte interesse imobiliário, o projeto "Morar Carioca", da prefeitura do Rio de Janeiro, é o principal objeto de ação para a retirada dos mesmos. Uma limpeza social e uma abertura de espaço para novos moradores - Welcome to Brazil gringos!
  O projeto "Domínio Público" é totalmente independente. Necessita ampla divulgação para busca de novos apoiadores e possíveis financiadores do projeto. Abaixo segue o endereço e o link para o curta.  

Curta "Domínio Público" - http://vimeo.com/49419197
Site do Projeto - http://catarse.me/pt/dominiopublico


 

segunda-feira, 1 de outubro de 2012

The Voice "Made in Brasília"


  Brasília é realmente uma fábrica de grandes músicos. Somos respeitados quando dizemos de onde viemos e que fazemos música. O reallity "The Voice", da rede Globo, foi definitivamente invadido pelos candangos. Domingo passado foi a vez do Brasil conhecer Ellen Oléria. Era só o que precisava. Mais uma vez e, como sempre, emocionou e foi ovacionada pela platéia e jurados. Nada, mas realmente nada, que traga surpresa. Ellen é o nosso diamante e era questão de tempo para que o resto do país descobrisse isso. 
  Ontem, mais cinco participantes levaram o nome da cidade ao programa. O amigo Diego Azevedo fez o que deveria ser feito. Sua voz é especial, diferenciada e foi assim durante sua apresentação. Confiante, não titubeou ao escolher Lulu Santos como seu mentor. Diego tem muito potencial e acredito verdadeiramente que possa ser um elemento surpresa no programa.  Anotem esse nome.
  Não vou mentir que me decepcionei bastante com a Thaís Moreira. É claro que só o fato de estar no programa e ser escolhida já é uma vitória enorme. Emoções e estrelato à parte, me surpreendi com a aparição no "sertanejo style" da cantora. Muito me pareceu uma tentativa oportunista de venda a um mercado inchado, abusado e em ascensão - ou queda?! Imaginava outros rumos para a mesma. O timbre grave e a presença que dominam o palco são muito evidentes, mas achei desperdiçadas dentro do estilo escolhido. Mesmo assim, a tática deu certo, não é Daniel?
  Dos outros três brasilienses na competição gostei apenas da Pryscilla Lisboa e sua voz aparentemente frágil. A cantora tem um quê de Marisa Monte e isso chamou a atenção do parceiro Carlinhos Brown. A mesma não vacilou e escolheu o baiano. Essa produção pode dar bons frutos à brasiliense.
  As preferências são evidentes, mas fica a torcida para todos eles, que já são merecedores só por essa vitória inicial. A música é alegria, mas seu caminho é árduo e seletor. A energia e o talento são ingredientes básicos e indispensáveis para o caminho. Sorte aos brasilienses e parabéns Brasília - nossa fábrica de talentos.        

     

sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Só alegria

  Definitivamente o Museu da República é um lugar especial para shows em Brasília. O espaço é democrático e o visual de tirar o fôlego. Ontem, várias atrações passaram pelo evento Celebrar Brasília. A grande expectativa ficou por conta da apresentação do paulistano Criolo. De fato, houve retribuição. Particularmente, foi o meu primeiro. Chamou muita atenção. A desenvoltura em cima do palco, o constante  diálogo com o público, a banda numa pressão incrível e a capacidade de alternar um vocal melódico com falas e o rap fizeram do mesmo a confirmação de tudo que falavam a seu respeito. Um artista que ainda nos dará belas contribuições. 
  Outra grata surpresa foi o projeto brasiliense Funkeando, idealizado pelo produtor e amigo Pedro Batista e DJ A. Uma banda sem igual nessa cidade. Com toda certeza. Se o Criolo abalou o Funkeando segurou. Mesmo querendo ir embora, o público não conseguia tamanha era a vontade de dançar ao som dessa trupe.
  O cair da noite foi finalizado com uma bela lição de vida. Figura cativa na noite calafiana da cidade encontrei, juntamente com o amigo Monte, Dudu e seu andador. Esboçando a mesma alegria de sempre nos pediu uma carona até sua casa. Impossível negar um pedido a uma pessoa como ele. Apesar de toda dificuldade com a fala e locomoção o mesmo não se priva da liberdade e, principalmente, da diversão. Até chegar, conversamos muito e pude conhecer um pouco mais sobre essa pessoa que esbanja, acima de tudo, amor à vida. 
  Ao vê-lo entrar em casa lentamente e, ainda por cima, preocupado com a nossa saída, percebi que somos abençoados e que gestos tão simples podem nos fazer repensar a grandeza do real motivo que é viver. Repetidamente ele nos falava: só alegria, só alegria amigos. E assim voltei pra casa. Pensando na alegria que é conviver, compartilhar e se permitir. Realmente Dudu você tem toda razão. Só alegria, só alegria é o que interessa amigo!

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Eu só quero chocolate

  O maior medo de um artista é ver sua fonte secar. Talvez esse seja o pesadelo menos desejado por nós. O cano de inspiração de vez em quando entope e sentimos um leve receio. Não ter idéias é desesperador para qualquer pessoa. Disso tenho certeza. De onde surge essa mágica que nos leva a ter o famoso clique produtivo? Acredito que qualquer coisa pode nos impulsionar, mas isso é muito relativo. Uma alegria, a tristeza, uma lembrança, uma cena ou acontecimento e etc...
  Ontem me deparei com um assalto num supermercado - odeio supermercados. Já era madrugada e notei um clima diferente entre os funcionários do mesmo. Resolvi não dar muita bola e segui à caça do meu único objetivo ali dentro: um chocolate. Em poucos segundos de  busca visualizei algo que não costumo ver em certos locais. À frente um rapaz caminhava de forma bruta e veloz empunhando um facão na mão esquerda.   Seus olhos estavam manipulados e causavam certo espanto. Mais uma vez achei a situação bem esquisita, mas minha ânsia por um chocolate era maior que a preocupação de cogitar que aquilo poderia ser um assalto.
  Assim como se fossem dois clientes à procura de algum produto nos cruzamos sem comprometimento ou um "boa noite" - não é de se espantar, afinal moro em Brasília. Só tive a certeza que algo de anormal acontecia quando um dos funcionários me abordou e comentou sobre o fato. Branco feito uma bola de neve me pediu ajuda para contatar a polícia. Reclamou, com razão, a todo o momento sobre sua condição de trabalho e repetiu que essa seria sua última noite por lá. Confessou também ter sido a décima vez que algo do tipo acontecia e que os homens da lei nada faziam. 
  Já com posse do meu sonhado chocolate e livre de qualquer incidente de risco voltei pra casa bastante pensativo. Eureca! O enredo estava pronto. Não foi nada fantasioso ou inventado, mas poderia sim ser contado ou expressado de várias maneiras sem uma modificação do seu real sentido. No final das contas ficaram duas lições disso tudo: Percebi que com uma boa dose de atenção o "cano de inspiração" jamais se entope; e ao deparar-se com um Jason sustentando um facão na mão em um supermercado não esqueça jamais do seu chocolate!








segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Muito Romântico

Não tenho nada com isso nem vem falar
Eu não consigo entender sua lógica
Minha palavra cantada pode espantar
E a seus ouvidos parecer exótica
Mas acontece que não posso me deixar
Levar por um papo que já não deu, já não deu!
Acho que nada restou pra guardar ou lembrar
Do muito ou pouco que houve entre você e eu...
Nem uma coisa virá me fazer calar!
Faço no tempo soar minha sílaba
Canto somente o que pede pra si cantar
Soa o que soa eu não douro a pílula
Tudo o que eu quero é um acorde perfeito maior
Com todo mundo podendo brilhar num cântico
Canto somente o que não pode mais se calar
Noutras palavras sou muito romântico
(Caetano Veloso)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Se fosse acabar assim

  Muitos se abraçariam. Outros desejariam poder pagar para serem abraçados. O mundo revelaria seus segredos mais profundos e sacanas. Padres rezariam, mas outros rasgariam a batina. Aos poderosos, de nada mais adianta o poder. Negros, gordos, ricos, cabeludos, brancos, mendigos, carecas, mestiços, traficantes, evangélicos, homossexuais, índios e rastafáris. Verdadeiramente não haveria distinção alguma entre nós. Estaríamos todos no mesmo barco. 
  Agora a ambição é um sentimento inexistente e os interesses tornaram-se completamente outros. O dinheiro é apenas um pedaço de papel. De diferentes tamanhos e cores. Queima ao tocar fogo. Amassa se pisado. Nas esquinas quase tudo vazio. Comércio, lojas, supermercados, estoques e feiras. Não tem comprador. Não há propaganda, notícia ou programas.  Os cinemas estão vazios e os jornais fechados. 
  Não existe caus. Pessoas escandalosas correndo pelas ruas. Revolta da natureza ou guerra biológica. Existem apenas decisões, escolhas e desejos. Tudo meramente humano, espiritual e carnal. Nada mais.
  Esta leitura é apenas uma reflexão simples e de resposta única. Se o mundo fosse acabar num toque de um botão de "desligar" e, te restasse apenas um único dia, o que você faria?  

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Um final feliz, por favor.


  Essa noite estive com você em um sonho. Não vou mentir que gostei, mas parando pra pensar não tive muita escolha. Afinal de contas, muito cansado da madrugada, só deitei e fechei meus olhos. E lá estava você. Ainda a mesma, aparentemente. Altura, sorriso, cheiro, toque e expressões. Poucas coisas realmente mudaram. Reparei apenas um tique novo com os dedos da mão esquerda. Deve ser alguma coisa relacionada à malhação, ansiedade ou ele sempre existiu e eu nunca me dei conta.
  Nesse mesmo sonho não havia preocupação com o tempo. Ele estava parado e poderia ter a duração de um sono perfeito. Distante de opiniões, obrigações mapeadas, ordens e devaneios burgueses estávamos completamente blindados. Com essa proteção sentimos o amor fluir na sua essência mais pura e verdadeira. Como as notas de Pérola Negra conversávamos por música. Um som que soaria bem até mesmo aos ouvidos de um sonâmbulo. 
  Em momento algum pensei em acordar. Tampouco passou pela cabeça uma hipnose eterna. Queria estar ali o tempo ideal e necessário. Sem miséria ou gula demais. Não sei exatamente quanto tempo durou, mas foi o bastante para recordar muita coisa.    
  Inevitavelmente meus olhos se abriram. O som do ventilador invadiu o ambiente e trouxe de volta a realidade. Só não mais bruta que o calor que faz esse mês. Em questões de segundos lembrei-me de tudo. Era consciente. Era um sonho. Entre uma espreguiçada e um bocejo de desperto pequenos flashes me confirmavam. Não houve um fim. Nem mesmo um início. Não houve despedida ou uma recepção de chegada. Um adeus ou um "oi" de entrada.  Não houve enredo. Foi só um sonho.
  Antes de levantar, mas não menos frustrado pela falta do "the end" ou fritado pela alta temperatura do dia cheguei a uma única conclusão: Acredito que sonhos, por mais que pareçam reais, geralmente são fantasiosos e fantasias obrigatoriamente deveriam ter uma merda de um final feliz. Não quero ter que imaginar num possível fim ou pensar em repetir um sonho pra esperar ver as letrinhas subirem. De agora em diante, que vire lei na terra, no céu e no inferno. Com a ordem jurídica de Deus e a contestação imediata do Diabo. Que assim seja e estejamos combinados.      




quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ilha da fantasia


  Sempre fui um moleque pouco atento. Gostava de fazer tudo ao mesmo tempo. Pirava sozinho em histórias inventadas geralmente perdido em alguma ilha deserta. Eu e meu fiel escudeiro "Marmaduque" - meu cachorro. Dessa maneira passava horas brincando e falando sozinho. Tinha um defeito grave de perder minhas coisas. Muito por falta de organização, segundo meu pai.  Largava tudo em qualquer canto e ia me envolver com outra situação.
  Assim cresci. Perdi e achei muitas coisas ao longo da vida. Perder sempre foi aquele horrível frio na barriga. Ainda mais quando era apegado. Achar era muito mais gostoso que ganhar pela primeira vez. Talvez fosse a sensação do retorno. E não podia ser um novo igual ou parecido. Tinha que ser aquele meu. O mesmo que estava perdido. Aí pronto! Tudo resolvido.   
  O tempo passou e inevitavelmente continuei perdendo e achando. Um processo inesgotável. Há poucos, dei por mim e percebi ter perdido parte da minha essência. Em busca dela senti falta de várias outras "coisinhas". Algumas recuperáveis, mas outras já não mais. Coisas da vida. Isso tudo faz parte dos caminhos que escolhemos. Uma rua sem saída nos dá quilometragem em dobro. Percorremos duas vezes. E isso já deve bastar. Esse é o tal do aprendizado. Por mais duro que seja é o que nos faz crescer como seres humanos.
  Sei que não tenho mais dez anos - muito menos aparento, também sei -, mas sinto a minha ilha da fantasia cada vez mais próxima. A busca em torno do "eu" não pára. Ser feliz é sempre o objetivo principal enquanto estivermos aqui. De qualquer maneira, caso alguém ache alguma coisa minha perdida por aí, por favor, entre em contato. 

terça-feira, 11 de setembro de 2012

Recordar faz feder

"Quanto mais me recordo
Mais me embaraço em nós de vergonha
De olhos vendados
Num enredo predestinado ao fracasso
Prometo simplificar ao máximo minhas palavras
Não te empresto minha riqueza
Nem troco por um gole desse espumante barato
A máscara caiu, quebrou-se em pedaços
E o que ficou pra trás não me seduziu..." 









domingo, 9 de setembro de 2012

Intuição posta à prova


  Uma arma quando bem utilizada. Aquela sensação que não explicamos. Muitas vezes levamos em consideração, em outras ignoramos o feeling e segue o jogo. Até podemos sucumbir temporariamente a uma cegueira (in)voluntária, mas como diria o velho Capitão do mar, diplomata e Poeta: "Tem sempre um dia em que casa cai". Felizmente a natureza é perfeita e dificilmente erra. 
  O senso intuitivo é visto pela psiquiatra suíço, Carl Jung, como a sabedoria e o conhecimento que cada um de nós necessita em seu próprio interior. Aprender a confiar na intuição é um desafio - a falta de conhecimento assusta. Posteriormente, a confirmação - caso aconteça - se torna a cereja do bolo. O que era sensitivo se torna palpável e retomamos o curso normal dos nossos cincos sentidos.
  É claro que nosso "radar" é bombardeado diariamente com cargas pesadas de emoções. A sensibilidade e percepção são individuais e variam de pessoas para pessoas. Fato é que, os sinais aparecem nas formas mais diversificadas e, na maioria das vezes, se camuflam num mimetismo desgovernado.  
  Na velocidade em que o mundo rodopia tampar os olhos para questões básicas podem custar muito caro. Errar ainda é humano. Ignorar o que está errado é estupidez e total perda de tempo. A intuição bate à sua porta a qualquer momento. Cabe a você ser um bom recepcionista ou apenas deixá-la do lado de fora.

          

Bata na porta antes de entrar


 
  Parece que a brincadeira só começou. Há dois dias fizemos o segundo show da turnê "Corre Pro Mar", do Surf Sessions, em Santo Antônio do Descoberto (GO). Uma estrutura grande e toda nossa. Som, palco, iluminação e decoração. Fomos bem preparados e com nossa equipe mais que afiada. 
  O cansaço bateu, mas a recompensa veio em forma de música e reconhecimento dos fãs no local. Essa é, sem dúvida alguma, o nosso maior estímulo. Poder levar o som e ser retribuído com muita energia. Viveria assim o resto da minha vida.
  No dia seguinte, já de volta à Brasília, mais labuta. Show do S.S. em um evento digno de cartão postal. Lugar incrível, estrutura "gringa", bom gosto na decoração, uma bela feijoada e pessoas bonitas. Nós, como anfitriões, receberíamos uma banda do Rio de Janeiro. Grupo cover de Jorge Ben, Seu Jorge, Tim Maia, Raça Negra, Salgadinho, Alexandre Pires entre outros gênios da Música Popular Brasileira - sim, estou sendo irônico pra cacete. Ótimos músicos, som redondo, repertório feijão com arroz, batata frita e carne moída. Enfim, todos os motivos para a alegria dominar o ambiente. 
  O problema é que o mundo da música às vezes nos prega algumas peças. A soberba, o ego, a falta de humildade e o desrespeito andam lado a lado numa contradição inexplicável. É claro que temos que pensar no profissionalismo, porém quando ele existe conseguimos sentir o cheiro há quilômetros de distância. No caso, não fedia nem de perto.  
  Não foi a primeira e nem será a última vez que vou me encontrar em uma situação dessas. A comparação do ser humano se torna inevitável. Nessa hora, olho pra cima e agradeço muito a educação que recebi dos meus pais e que vou levar comigo pra onde for. Sei de onde vim e sei pra onde vou.  Reverencio meus companheiros de banda pela mesma sintonia e berço. O resto? A gente dá risada e só torce pelo crescimento e enriquecimento da alma alheia.

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Encontro com um anjo


  Essa noite sonhei com a Liberdade. Era tão linda e meiga. De pele clara e cabelos lisos, naturalmente lisos - que fique claro. Olhos que variavam sua tonalidade ao confrontar a luz. Algo perto do verde-mel. Neles, pude perceber todo seu deslumbre. Por um instante quase nos tocamos. Ao sentir que não seria possível apenas observei. Tal como alguém quando se apaixona à primeira vista.
  Pensei se esse momento seria mesmo consciente, mas num som quase mudo escutei ao pé do ouvido: "Sou o que te tornas humano. Sou o seu sorriso, quando assim o quer. Sou suas lágrimas, quando choras. Os seus receios e sua força para vencer. Sou sua corrente e suas asas. O seu desejo de ir e o de ficar também"... E assim, num fade out perfeito, seu sussurro antagônico se esvaeceu entre palavras.
  Abri os olhos. Nem um pouco assustado ou desacreditando no tal encontro. Passei o dia pensativo. Lembrei das frases soltas. Do sim e do não. Do escuro e do claro. Pensei em como eu realmente via minha liberdade. Algo de fato mudou. Lembrar apenas do direito de ir e vir seria tão simplório. 
  Em referência à Sartre; a liberdade é a condição antológica do ser humano. Nós somos nada antes de nos definirmos como algo. É como um livro aberto pronto para ser rabiscado, escrito, colorido, rasgado, bordado e etc... Mas preenchido, oras! De alguma forma, escolha e caminho traçado. Isso sim é ter liberdade: Viver nossa biografia diária. Seja ela como o autor desejar compor.  
  Terminei o dia confortado com meu encontro, pensamentos e conclusões. Estiquei os braços e dei aquele suspiro longo e quase totalmente aliviado. Algo ainda me incomodava. A bendita da Liberdade não sumia da minha cabeça. Afinal de contas, vai ter uma Liberdade gostosa assim lá na casa do car%$#@...!

segunda-feira, 3 de setembro de 2012

Até 3



  Parar e contar até três. É claro que nada muda ou se transforma em uma mera contagem. Nossa reflexão é um pouco mais lenta, mas certeira. Até onde nossa mente é capaz de nos levar em momentos de apreensão, medo, nervosismo, ansiedade, baixa estima e etc? O mal dos novos tempos é a velocidade em que vivemos hoje em dia. Precisamos, mais do que nunca, de resultados e que sejam imediatos. 
  É preciso sim, às vezes, respeitar nossa "placa mãe" e optar pela calma. Respirar e respirar. Por tempo indeterminado, porém em busca de um resultado satisfatório. Um objetivo. Agir, enxergar melhor e com consciência se torna a chave questão. E tudo muda. Postura, pensamento, respostas e atitude. Num novo momento de reflexão já sofremos uma mutação. E novamente tudo mudou de plano. Ufa!  
  Permita-se. Por mais demorado que seja contar até três. Uma respirada a mais pode fazer toda a diferença na vida. 

quinta-feira, 30 de agosto de 2012

A alegria da casa

Poesia de palavras fortes. Uma mensagem significativa de amor e fidelidade. Dois sentimentos materializado por Olavo Bilac num personagem canino. Porquê será? 

"Negro, com os olhos em brasa,
Bom, fiel e brincalhão,
Era a alegria da casa
O corajoso Plutão.

Fortíssimo, ágil no salto,
Era o terror dos caminhos,
e duas vezes mais alto
Do que seu dono Carlinhos.

Jamais à casa chegara
Nem a sombra de um ladrão;
Pois fazia medo a cara
Do destemido Plutão.

Dormia durante o dia,
Mas, quando a noite chegava,
Junto à porta se estendia,
Montando guarda ficava.

Porém Carlinhos, rolando
Com ele às tontas no chão,
Nunca saía chorando
Mordido pelo Plutão...

Plutão velava-lhe o sono,
Seguia-o quando acordado
O seu pequenino dono
Era todo o seu cuidado.

Um dia caiu doente
Carlinhos... Junto ao colchão
Vivia constantemente
Triste e abatido, o Plutão.

Vieram muitos doutores,
Em vão. Toda a casa aflita,
Era uma casa de dores,
Era uma casa maldita.

Morreu Carlinhos... A um canto,
Gania e ladrava o cão;
E tinha os olhos em pranto,
Como um homem, o Plutão.

Depois, seguiu o menino,
Segui-o calado e sério;
Quis ter o mesmo destino:
Não saiu do cemitério.

Foram um dia à procura
Dele. E, esticado no chão,
Junto de uma sepultura,
Acharam morto o Plutão". (Olavo Bilac)

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Tarefa para poucos

  Esses dias, num bate papo leve sobre valores na vida cheguei a algumas conclusões. A maturidade que atingimos com o passar do tempo nos escancaram algumas questões. Já parou para pensar no vai e vem de pessoas na sua história? Chegadas curtas, inexpressivas, divertidas, marcantes, desnecessárias, indiferentes,  entre tantas outras classificações. 
  Tal como um arquivista, organizamos isso conscientemente - ou não - em pastas sociais. São tantas, tais como: família, colegas, amores, irmãos, parceiro de balada, amigo do futebol, conhecidos, amigas, irmãs, o caso, uma paixão e etc.. A cada reencontro puxamos o arquivo e sentimos as mais variadas sensações ao encontro. Cada pessoa entra de uma forma exata na sua vida, sendo marcante ou não, e assim mesmo é nomeada. O sentimento torna-se pessoal e totalmente intransferível.
  Acredito que algumas destas pastas são extremamente indispensáveis em nossas vidas. As mesmas devem possuir a capacidade de ser indestrutível, pois contaremos com elas pro resto de nossos tempos. De olhos fechados. São elas: família e irmandades. Os familiares não são contestáveis. É escolha divina e ponto final. Seguem num patamar diferenciado. As irmandades são sim dádivas do tempo. Aquelas verdadeiras. Que existem no sol ou na chuva. Distante ou perto. Sem interesse ou mudança. É muito importante regar tais valores e nunca correr o risco de perdê-los. 
  Abrir a mão e achá-los nos dedos é tarefa para poucos. E quanto às outras pastas? Acho que a vida trata de multiplicá-las. Acredito que o mais importante é saber aproveitar, cada qual com sua peculiaridade, da maneira mais saudável possível.        
        

segunda-feira, 27 de agosto de 2012

Felicidade "In Box"

  Ontem fizemos a abertura do show do Nando Reis. Uma experiência incrível. Tocamos em casa e para um público disposto a ouvir boa música. Fica mais fácil assim, mas não menos "responsa". Além de uma apresentação praticamente autoral fizemos duas versões inéditas: Pais e Filhos, da Legião Urbana e Aquarela, do mestre Toquinho. Sempre me surpreendo com a capacidade que a música tem em nos alegrar e emocionar. Em nos fazer relembrar bons tempos, nos transportar para outras dimensões em poucos acordes. Seria bom congelar esses momentos e revivê-los sempre quando necessário. Felicidade "in box". 
  Sempre valorizei muito a genialidade do Nando. Principalmente na sua sobriedade. Desde das épocas libertárias em que construía as linhas de baixo na família Titãs até os dias de hoje. Ontem, me surpreendi novamente. O cantor paulista mostrou, em quase duas horas e meia de show, que é mesmo um hitmaker e um dos maiores compositores que temos em atividade nesse país. Falar de amor com inteligência, sem ser brega ou abusar demasiadamente de rimas pobres é uma arte para poucos, certo "universitários"? As lágrimas escorriam dos olhos femininos ao ouvir canções como Relicário, Por Onde Andei, Segundo Sol, entre outras.
  Um show cantado de cabo a rabo por um público que se mostrou feliz e, acima de tudo, muito satisfeito. Fazer parte disso, como fizemos ontem, é motivo de muito orgulho. Um dia pra ser relembrado sempre que possível. 

sábado, 25 de agosto de 2012

Tempo Rei

 
"Não me iludo, tudo permanecerá de um jeito
Que tem sido, transcorrendo, transformando
Tempo e espaço navegando todos os sentidos
(...) Água mole, pedra dura
Tanto bate que não restará nem pensamento..."(G.G)

sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Um dia me disseram

  Certa vez me disseram que eu levava jeito pra escrita. Nunca acreditei muito nisso. Quando criança só queria saber de jogar bola e ouvir música. A dúvida pairava naquela cabeça ainda tão infantil: jogador de futebol ou músico. 
  Segui o mundo do jornalismo. Ainda perto do futebol comecei a traçar minhas primeiras linhas. Até que um dia conheci um diplomata, poeta e boêmio. Um tal de Vinícius de Moraes. Amor à primeira vista. Ficava impressionado com a sua capacidade de expor sentimentos tão reservados de uma forma tão poética e de fácil compreensão. 
  A música logo invadiu minha vida e com ela a escrita caminhou junto. Cheguei a ouvir, novamente, que levava jeito pra ser poeta. Tipo uma profissão, sabe. Faz o que da vida? Sou poeta! Soava estranho pros dias de hoje e muito pesado aceitar tal "adjetivo".  Talvez ainda seja assim...
   Só que hoje vejo de uma forma diferente. Acredito que no nosso íntimo todos somos poetas. A poesia é a capacidade de externar as sensações mais profundas e vomitá-las de maneira sensata. Ser honesto com a sua cabeça, mão e caneta - ainda não me convenci do teclado.   
  Conhecer o poeta dentro de você é uma experiência incrível de autoconhecimento e crescimento. Então pra quê reprimi-lo?
  Essa profissão, mesmo que não remunerada, é a maior riqueza que posso ter. E essa ninguém me tira.