terça-feira, 16 de julho de 2013

Meus trinta


  Não houve receio por sua chegada. Ao mesmo tempo também não existiu um desejo nobre por sua vinda. Não via com olhos de uma querida visita. Tampouco com a retina que enxerga um inquilino indesejável. A espera tornou-se indiferente, contudo inevitável. O poeta um dia proferiu: “O tempo não para”. Não mesmo. Apesar da síndrome de Peter Pan e minha eterna busca pela Terra do Nunca meus trinta chegaram.
  Durante esse tempo uma bagagem foi construída. Como uma estrutura forte de um prédio ainda inacabado. Tenho orgulho de quem sou. Não por um ato egocêntrico de um narcisista, mas sim pelos aprendizados e pessoas que me cercam.  Sem duvida alguma meu maior presente nessas três décadas conquistadas. Família: Suporte fundamental na vida. Sem ela perde-se rumo sem ela perde-se a rima. Amigos: Produto da arte e sinergia do encontro.
  Sob a batuta desses dois pilares conheci quem sou. Solidifiquei meu caráter, escolhas e filosofia de vida. Sozinho vi amores irem e virem. Chorei a dor da saudade e vomitei o embrulho da frustração.  Compartilhei tristezas, decepções, conquistas, alegrias e decisões. Aprendi que com dedicação e humildade não existem limites. Me tornei padrinho/tio aos quinze e vi mais cinco lindas sobrinhas nascerem. Esqueci meu carro imundo e o silencio foi meu maior castigo. Estudei matemática com minha mãe e entendi a física com meu pai. Viajei para lugares incríveis com irmãos do peito – seja a trabalho ou por mera diversão.
  Claro que o cardápio torna-se longo – não teria saco para descrever o tim tim por tim tim  dos trinta e muito menos você teria tempo para ler. Afinal, estamos na era da conectividade acelerada. Se em três segundos não agradou... Tchau! De qualquer forma, olho para trás e sinto felicidade. A nostalgia de quem viveu o que realmente tinha para viver. Ao olhar para frente vejo a estampa do desejo em querer mais e mais.
  Outros trinta. Novos trinta. Vários trinta. Um rodízio de trinta. Um somatório de trinta para ninguém botar defeito. Assim levo minha vida e juro que vou. Hoje me tornei um trintão com mais vontade de viver. Um trintão moleque de ser. Ainda rebelde. Cabeça de trintão num corpinho de vinte, ora bolas! E sem esse papo de coroa. A juventude perdura o tempo que quisermos. Basta querer. E como quero. 
Seja muito bem vindo e sinta-se a vontade. Que a casa seja sua. De vez em quando meio complicada, zoneada, mas muito aconchegante e cheia de espaço. Mantenha tudo em ordem e aproveite seu período de dez anos que entra em vigor a partir de hoje.                   

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