Vi mais um ano passar. Logo ali vejo um novo
chegar. Apesar de me tremer todo nessas viradas gosto de pensar sobre o que
passou e o que realizei. As promessas para se cumprir nos próximos 365 dias. As
mesmas que fazemos há anos e nunca cumprimos. Todo aquele flashback que nos
cerca durante essa época.
Como todos os outros esse também não foi igual a
nenhum. Vi pessoas chegarem na minha vida. Vi outras se anularem. Tive gratas
surpresas e enormes frustrações. Fiz novas amizades. Descobri que gosto mais de
quem eu sou. Reafirmei o ódio que tenho por falsidade. Conheci pessoas
generosas. Cantaram minhas músicas. Ganhei dinheiro, gastei dinheiro e tive
dois bichos de pé. Sonhei com Deus e senti o Diabo me tentar. Chorei por amigos
e ri com os mesmos. Cantei Cazuza e vi que ele tem razão: A burguesia fede. Dei
mais valor a união verdadeira. Tive vontade de xingar. Tomei belos porres e no dia seguinte me
arrependi de quase todos. Conheci o Topo do Mundo. Pedi perdão. Vi minha afiliada
completar quinze anos e tive que aceitar. Li seis livros e meio. Fiz mais
esporte. Ganhei um anjo em forma de cachorro. Gastei mais gasolina do que o
necessário. Dormi mais que o normal. Perdi duas unhas. Tive mais de dez óculos durante o ano e só
me restou um. Tirei várias fotos. O medo quase me venceu. Redescobri minha
liberdade. Pensei em ir a um psicólogo, mas voltei a escrever. Me apaixonei
que nem um adolescente. Conheci o Teatro Nacional de outra maneira. Tive uma
amigdalite pesada. Me alimentei melhor. Voltei a odiar
política. Pensei mais no mar do que de costume. Ouvi muita música, muita mesmo.
Tive razão. Andei de jegue. Gravei um DVD. Desejei mais calor que frio. Comprei
roupas novas. Vivi a noite intensamente e aprendi demais com ela. Escutei mais
do que falei ou foi o contrário. Aprendi a me entregar e descobri que isso pode
ser um erro. Completei vinte e nove anos e me achei um garoto. Vi que a cada
ano que passa muita coisa acontece, várias se repetem, novas surpreendem e o
que muda é a maneira como enxergamos tudo.
Me sinto preparado para encerrar esses doze
meses. Olhar para trás e enterrar algumas coisas, transformar outras em belas
lembranças, dar continuidade no que está certo e abrir o peito para o novo e
desconhecido. Se isso tudo é viver eu quero mais é viver mais e mais.
Felicidades!
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