terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Dia 29 de janeiro

  Recém saído do segundo grau, na época, estudava para o vestibular. Assumo que me encontrava completamente perdido. Não sabia o que queria. Na minha cabeça eu tinha apenas duas opções: psicologia ou jornalismo. Não tinha muita informação sobre a psicologia e logo me pareceu muito romantismo da minha parte tal escolha. Optar pelo jornalismo foi aceitar um fanatismo, que desde criança, tinha por qualquer coisa ligada ao esporte. Assim foi feito.
  Logo estava matriculado e em exatos dois semestres já trabalhava na área. Como assessor de imprensa, com apenas 21 anos, de um clube de futebol da cidade. Depois disso não parei mais. Aprendi a verdade sobre a profissão na marra dentro de uma redação de um jornal. Ali criei amor pela escrita, pela investigação e pelo dinamismo do jornalismo. Descobri tudo na prática dispensando a teoria. Assim me formei um profissional.
  Conheci grandes jornalistas. Figuras que defendem com honestidade, qualidade e ética uma profissão muitas vezes miserável. Tive o também o desprazer de conhecer pessoas que vestem a capa do lado negro da força. Essas, de certa forma, me ajudaram e acrescentaram muito na minha carreira. Me mostraram justamente por onde a banda toca e que algumas músicas jamais agradaram os meus ouvidos. 
  Hoje, afastado há quase seis anos desta profissão, sinto saudades de muitas coisas. De outras, nem tanto. Havia prometido a mim mesmo que não escreveria ou comentaria sobre a tragédia ocorrida neste final de semana em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. Por vontade própria e respeito. Acompanhei quase todos os noticiários. Li jornais. Mais uma vez me perguntei e me questionei sobre o posicionamento da mídia brasileira em certas situações. Até que ponto matérias abusam do sensacionalismo ao invés de informar a verdade com seriedade e de forma objetiva? Senti nojo de diversos repórteres. Me peguei sensibilizado por ver essas pessoas virando personagens de um reality trágico promovido por grandes veículos de comunicação. Fechei meus olhos e tampei os ouvidos. Preferi a omissão da informação. Infelizmente.
  Dia 29 de janeiro, descobri ser o dia do jornalista. Dia no qual deveria comemorar com alegria, afinal faço parte desta festa. Não. Hoje não faço alarde e grito ao mundo sobre o "meu dia". Tampouco vou condenar uma classe inteira, até porque, já fiz e me considero parte da mesma. Conheço meus valores como um profissional e reconheço os guerreiros do bem desta linda profissão. Por hora, não comemoro e não vou me orgulhar. O amor não acaba, mas de vez em quando se enfraquece. Assim como uma planta sem água. Esquecida; torna-se triste, murcha e não mais cresce.







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