Esses dias estive num sarau do Vinícius de
Moraes. Sou fã incondicional do poetinha. Desde suas obras musicais quanto suas
crônicas, textos e poemas. Prestei bastante atenção em diversas passagens
naquela noite e pude perceber um fato: saber falar de amor é uma missão para
poucos.
Ao tentar buscar o tema e começar a
escrever me preocupei, pois as coisas poderiam ficar muito bregas, derretidas
demais ou até mesmo confusas a quem inicia na tal arte. Esses dias procurei
estudar para me aprimorar e até mesmo tentar entender um pouco mais a respeito.
Sempre ouvi por aí sobre almas gêmeas relacionadas a histórias de amor.
Entretanto, Manuel Bandeira não concordou muito: "Se queres sentir a
felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor".
Da poetisa portuguesa Florbela Espanca
veio meu nocaute mais forte. Fiquei bastante atordoado com o que li. Sempre
concordei com o fato do amor se transformar do singular para o plural - vide
Vinícius de Moraes casado por nove vezes. Mas nesse caso... "Eu quero
amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... além... Mais Este e Aquele,
o Outro e toda a gente. Amar! Amar! E não amar ninguém".
A quantidade de obra literária ao
pesquisar textos que falam sobre amor de uma maneira "brega",
"infantil" ou "engraçadinha" foi o que mais me surpreendeu.
Desde nomes muito conhecidos a diversos românticos anônimos o arquivo é vasto -
e olha que preferi não ir muito a fundo e acabei deixando o Sertanejo
Universitário de fora. "À noite, estava
olhando as estrelas tentando dar a cada uma delas um motivo de por que gostar
tanto de você. Sabe o que aconteceu? Faltaram-me estrelas"!
Há
também o estilo poético malandro. O estudioso da vida que sabe trabalhar com
palavras de difícil compreensão, mas que quando precisa é simples sem fazer o
menor esforço. Diz aí Chico: "Quando nos apaixonamos, poça d'água é
chafariz. Ao olhar o céu de Ramos vê-se as luzes de Paris".
Do brega ao sem nexo, do infantil ao
poético uma coisa é certa: Escrever sobre o amor é uma missão para poucos.
Poucos que pouco se importam com estilo e sim com que o que está sendo dito.
Poucos que preferem o risco da exposição a ter que guardar tal momento. Poucos
que fazem da vida uma eterna frase romântica e assim são para sempre felizes.
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