terça-feira, 7 de maio de 2013

Assim são para sempre felizes

  Esses dias estive num sarau do Vinícius de Moraes. Sou fã incondicional do poetinha. Desde suas obras musicais quanto suas crônicas, textos e poemas. Prestei bastante atenção em diversas passagens naquela noite e pude perceber um fato: saber falar de amor é uma missão para poucos.
  Ao tentar buscar o tema e começar a escrever me preocupei, pois as coisas poderiam ficar muito bregas, derretidas demais ou até mesmo confusas a quem inicia na tal arte. Esses dias procurei estudar para me aprimorar e até mesmo tentar entender um pouco mais a respeito. Sempre ouvi por aí sobre almas gêmeas relacionadas a histórias de amor. Entretanto, Manuel Bandeira não concordou muito: "Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma. A alma é que estraga o amor".
  Da poetisa portuguesa Florbela Espanca veio meu nocaute mais forte. Fiquei bastante atordoado com o que li. Sempre concordei com o fato do amor se transformar do singular para o plural - vide Vinícius de Moraes casado por nove vezes. Mas nesse caso... "Eu quero amar, amar perdidamente! Amar só por amar: Aqui... além... Mais Este e Aquele, o Outro e toda a gente. Amar! Amar! E não amar ninguém".
  A quantidade de obra literária ao pesquisar textos que falam sobre amor de uma maneira "brega", "infantil" ou "engraçadinha" foi o que mais me surpreendeu. Desde nomes muito conhecidos a diversos românticos anônimos o arquivo é vasto - e olha que preferi não ir muito a fundo e acabei deixando o Sertanejo Universitário de fora. "À noite, estava olhando as estrelas tentando dar a cada uma delas um motivo de por que gostar tanto de você. Sabe o que aconteceu? Faltaram-me estrelas"!
  Há também o estilo poético malandro. O estudioso da vida que sabe trabalhar com palavras de difícil compreensão, mas que quando precisa é simples sem fazer o menor esforço. Diz aí Chico: "Quando nos apaixonamos, poça d'água é chafariz. Ao olhar o céu de Ramos vê-se as luzes de Paris".
  Do brega ao sem nexo, do infantil ao poético uma coisa é certa: Escrever sobre o amor é uma missão para poucos. Poucos que pouco se importam com estilo e sim com que o que está sendo dito. Poucos que preferem o risco da exposição a ter que guardar tal momento. Poucos que fazem da vida uma eterna frase romântica e assim são para sempre felizes.   

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