sexta-feira, 24 de agosto de 2012

Gilberto Gil e a Corticóide

No alto de seus setenta anos, Gilberto Gil encanta até quando não canta. Não só por sua arte, música e energia, mas principalmente pelo carisma conquistado ao longo de sua carreira. Pensar em Gil é lembrar da alegria, sorriso e diversão. O sotaque característico do baiano nascido em Salvador apimenta todos os adjetivos citados acima.
Ontem, em Brasília, a expectativa era enorme. Novo show. Novos arranjos. A Máquina de Ritmo. Gilberto Gil e a Orquestra Sinfônica da Bahia. Produção musical e arranjos do próprio. A sala Villa Lobos, do Teatro Nacional, lotada. Jovens, idosos, crianças à espera da movimentação do som. A cortina se abre. Um cenário lindo e ao centro, Gilberto Gil. Seu primeiro acorde vocal foi estranho. Não reconheci aquele agudo limpo característico da sua voz. Com o decorrer da música ficou claro que algo não estava legal. Gilberto Gil estava completamente rouco.
Ao término da canção, com a voz muito falhada, ele explicou: "Estou tentado melhorar desde de manhã. Fui pego de surpresa e não consigo cantar. Fui tratado por um médido muito simpatico da cidade, mas não adiantou". Muito decepcionado voltou a conversar com a platéia. "Não seria justo com vocês eu insistir nesse show. Assumo a responsabilidade de voltar e mostrar esse trabalho maravilhoso e merecedor de aplausos". Gil ainda se esforçou em mais três músicas e saiu ovacionado pelo púbilco brasiliense que calorosamente agradeceu sua presença e, principalmente, atitude. 
Com mais de quarenta anos de carreira Gil motrou o que é ter humildade, peito e repeito por seus admiradores. Não poderia esperar nada de diferente. Apenas apontei meu dedo em direção ao palco e pensei com um sorriso de canto de boca:  "É... Esse é o Gil". Me levantei orgulhoso e fui embora.
Meu ingresso?! Está no bolso à espera ansiosa de seu retorno.

Um comentário:

Anônimo disse...

curti.