quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Encontro com um anjo


  Essa noite sonhei com a Liberdade. Era tão linda e meiga. De pele clara e cabelos lisos, naturalmente lisos - que fique claro. Olhos que variavam sua tonalidade ao confrontar a luz. Algo perto do verde-mel. Neles, pude perceber todo seu deslumbre. Por um instante quase nos tocamos. Ao sentir que não seria possível apenas observei. Tal como alguém quando se apaixona à primeira vista.
  Pensei se esse momento seria mesmo consciente, mas num som quase mudo escutei ao pé do ouvido: "Sou o que te tornas humano. Sou o seu sorriso, quando assim o quer. Sou suas lágrimas, quando choras. Os seus receios e sua força para vencer. Sou sua corrente e suas asas. O seu desejo de ir e o de ficar também"... E assim, num fade out perfeito, seu sussurro antagônico se esvaeceu entre palavras.
  Abri os olhos. Nem um pouco assustado ou desacreditando no tal encontro. Passei o dia pensativo. Lembrei das frases soltas. Do sim e do não. Do escuro e do claro. Pensei em como eu realmente via minha liberdade. Algo de fato mudou. Lembrar apenas do direito de ir e vir seria tão simplório. 
  Em referência à Sartre; a liberdade é a condição antológica do ser humano. Nós somos nada antes de nos definirmos como algo. É como um livro aberto pronto para ser rabiscado, escrito, colorido, rasgado, bordado e etc... Mas preenchido, oras! De alguma forma, escolha e caminho traçado. Isso sim é ter liberdade: Viver nossa biografia diária. Seja ela como o autor desejar compor.  
  Terminei o dia confortado com meu encontro, pensamentos e conclusões. Estiquei os braços e dei aquele suspiro longo e quase totalmente aliviado. Algo ainda me incomodava. A bendita da Liberdade não sumia da minha cabeça. Afinal de contas, vai ter uma Liberdade gostosa assim lá na casa do car%$#@...!

3 comentários:

Nanda Picorelli disse...

hahahahahaha! Cuidado para a liberdade linda e gostosa nao tirar sua liberdade! =D

Vida Comentada disse...

A linha tênue entre a fantasia e a realidade:
"Sou o que te tornas humano. Sou o seu sorriso, quando assim o quer. Sou suas lágrimas, quando choras. Os seus receios e sua força para vencer. Sou sua corrente e suas asas. O seu desejo de ir e o de ficar também" Além de gostosa, ela é real.
Ah, a liberdade... Custa caro, mas nos proporciona descanso para a alma. Boa reflexão Renato.

Nem preciso dizer, estou fã desses textos. Bom feriado querido. =)

Daniel disse...

Ah Renato, sussurrando a voz de sonhos vivos sobre a Liberdade. Ja dissera o poeta '..bem tao apreciado que cada qual quer ser dono ate da alheia." Muito bom reve-lo, irmao!