quarta-feira, 12 de setembro de 2012

Ilha da fantasia


  Sempre fui um moleque pouco atento. Gostava de fazer tudo ao mesmo tempo. Pirava sozinho em histórias inventadas geralmente perdido em alguma ilha deserta. Eu e meu fiel escudeiro "Marmaduque" - meu cachorro. Dessa maneira passava horas brincando e falando sozinho. Tinha um defeito grave de perder minhas coisas. Muito por falta de organização, segundo meu pai.  Largava tudo em qualquer canto e ia me envolver com outra situação.
  Assim cresci. Perdi e achei muitas coisas ao longo da vida. Perder sempre foi aquele horrível frio na barriga. Ainda mais quando era apegado. Achar era muito mais gostoso que ganhar pela primeira vez. Talvez fosse a sensação do retorno. E não podia ser um novo igual ou parecido. Tinha que ser aquele meu. O mesmo que estava perdido. Aí pronto! Tudo resolvido.   
  O tempo passou e inevitavelmente continuei perdendo e achando. Um processo inesgotável. Há poucos, dei por mim e percebi ter perdido parte da minha essência. Em busca dela senti falta de várias outras "coisinhas". Algumas recuperáveis, mas outras já não mais. Coisas da vida. Isso tudo faz parte dos caminhos que escolhemos. Uma rua sem saída nos dá quilometragem em dobro. Percorremos duas vezes. E isso já deve bastar. Esse é o tal do aprendizado. Por mais duro que seja é o que nos faz crescer como seres humanos.
  Sei que não tenho mais dez anos - muito menos aparento, também sei -, mas sinto a minha ilha da fantasia cada vez mais próxima. A busca em torno do "eu" não pára. Ser feliz é sempre o objetivo principal enquanto estivermos aqui. De qualquer maneira, caso alguém ache alguma coisa minha perdida por aí, por favor, entre em contato. 

Um comentário:

Nanda Picorelli disse...

Adorei esse. Acho que o melhor.. Ate agora ne?! =D