Sempre fui um moleque pouco atento. Gostava de
fazer tudo ao mesmo tempo. Pirava sozinho em histórias inventadas geralmente
perdido em alguma ilha deserta. Eu e meu fiel escudeiro "Marmaduque"
- meu cachorro. Dessa maneira passava horas brincando e falando sozinho. Tinha
um defeito grave de perder minhas coisas. Muito por falta de organização,
segundo meu pai. Largava tudo em qualquer canto e ia me envolver com
outra situação.
Assim cresci. Perdi e achei muitas coisas
ao longo da vida. Perder sempre foi aquele horrível frio na barriga. Ainda mais
quando era apegado. Achar era muito mais gostoso que ganhar pela primeira vez.
Talvez fosse a sensação do retorno. E não podia ser um novo igual ou parecido.
Tinha que ser aquele meu. O mesmo que estava perdido. Aí pronto! Tudo resolvido.
O tempo passou e inevitavelmente continuei
perdendo e achando. Um processo inesgotável. Há poucos, dei por mim e percebi
ter perdido parte da minha essência. Em busca dela senti falta de várias outras
"coisinhas". Algumas recuperáveis, mas outras já não mais. Coisas da
vida. Isso tudo faz parte dos caminhos que escolhemos. Uma rua sem saída nos dá
quilometragem em
dobro. Percorremos duas vezes. E isso já deve bastar. Esse é
o tal do aprendizado. Por mais duro que seja é o que nos faz crescer como seres
humanos.
Sei que não tenho mais dez anos - muito
menos aparento, também sei -, mas sinto a minha ilha da fantasia cada vez mais
próxima. A busca em torno do "eu" não pára. Ser feliz é sempre o
objetivo principal enquanto estivermos aqui. De qualquer maneira, caso alguém
ache alguma coisa minha perdida por aí, por favor, entre em contato.
Um comentário:
Adorei esse. Acho que o melhor.. Ate agora ne?! =D
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